Decreto do IOF

Lula sai em defesa de Haddad e confirma discussão de alternativas

Em entrevista coletiva, Lula disse não ter visto qualquer problema no recuo de Haddad na medida sobre o IOF, e também defendeu Galípolo

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não teria cometido qualquer “erro” ao anunciar o decreto que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e depois recuar da medida, e a atitude da equipe econômica foi motivada pelo “afã” de dar uma resposta à sociedade.

A afirmação foi feita nesta terça-feira (3) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma entrevista coletiva convocada de última hora pela Secretaria de Comunicação.

O presidente Lula, em resposta a questionamentos dos jornalistas, defendeu a atuação do ministro Fernando Haddad e disse não ter visto problema no recuo.

“Era uma sexta-feira e eles queriam anunciar isso rápido para dar tranquilidade à sociedade brasileira. Eu não acho que tenha sido um erro, não. Eu acho que foi um momento político, sabe? Em nenhum momento o companheiro Haddad teve qualquer problema”, pontuou o presidente.

Lula acrescentou que Haddad está estudando outras possibilidades para substituir o aumento do IOF e manter a perspectiva de arrecadação, e que uma nova proposta será discutida em um almoço no Palácio da Alvorada.

“Ora, se houve uma reação [do Congresso] de que tem outras possibilidades, nós estamos discutindo essas outras possibilidades”, explicou.

Haddad apresentará nova proposta

O presidente ressaltou que a proposta está sendo discutida com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), além de líderes do governo em ambas as Casas.

“A apresentação do IOF foi o que eles tinham pensado naquele instante. Se aparece alguém com uma ideia melhor, e ele topa discutir, vamos discutir. É isso que a gente tem que fazer. Essa discussão que eu acho que a gente tem que fazer com as lideranças é porque nós precisamos dar um voto e um crédito aos nossos líderes”, disse, ainda em defesa da atuação de Haddad.

“Toda vez que a gente toma uma atitude sem conversar com as pessoas que vão ter que nos defender e defender a proposta, a gente pode cometer erros. Muitas vezes, gente nossa tem uma proposta de mudança”, defendeu Lula.

Também foi lembrado por ele nas respostas que o esforço que a equipe do ministro Haddad está fazendo é apenas para dar tranquilidade ao povo brasileiro.

“A gente não inventa as coisas. E quem pensa que tem mágica quebra a cara”, afirmou.

Defesa da atuação de Galípolo no BC

Em outro momento da entrevista, o presidente Lula negou que tenha poupado a política monetária de críticas apenas porque o atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foi indicado por ele ao cargo.

Para o presidente, a elevação dos juros decidida neste ano pelo Copom já estava “precificada”. Ele disse acreditar que em breve o BC vai poder reduzir a Selic.

“O que nós estamos conscientes é de que a inflação está controlada, que começou a cair o preço dos alimentos, e eu acho que logo, logo o Banco Central vai tomar a atitude correta de começar a abaixar os juros”, disse Lula.

“Os juros estão muito altos. Agora, é engraçado porque mesmo com juros tão altos, a economia continua a crescer”, completou.

Outra afirmação feita por Lula foi de que ele tem “100% de confiança” na idoneidade de Galípolo, e disse ter certeza de que o presidente do BC vai “dar conta do recado”.

Ainda sobre a economia, Lula criticou a avaliação de que o crescimento da economia pode levar a um aumento da inflação.

“Se para controlar a inflação for preciso ter fome, não é possível a gente aceitar, é preciso encontrar outro jeito para controlar a inflação”, disse.

Ele afirmou também que a economia tem crescido em parte por causa da oferta de crédito a agricultores e empreendedores, por exemplo.