O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta segunda-feira (28) que por precaução médica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu cancelar sua participação na 29ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a chamada COP29, em Baku, no Azerbaijão.
A equipe de saúde de Lula pediu que ele siga com o ritmo atual de trabalho, dessa forma, evitando viagens internacionais e seguindo com o despacho no Palácio da Alvorada, segundo Padilha.
“O presidente Lula deve manter a rotina de trabalho aqui no Alvorada por recomendação médica. Os médicos reforçaram para que ele mantenha esse ritmo atual. Ele seguiu a recomendação médica de não ir para São Paulo [no fim de semana], mas ele continua muito ativo. A recomendação é que ele continue aqui no Alvorada até uma nova avaliação da equipe médica. A equipe médica reforçou que pelo menos hoje e amanhã ele continue aqui do Alvorada”, explicou Padilha, segundo o “Valor”.
Outras 3 agendas internacionais de Lula foram canceladas após o presidente sofrer uma queda no banheiro na semana passada e machucar a cabeça. A primeira ausência foi na cúpula dos Brics, na Rússia; a segunda foi na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16), que aconteceu na Colômbia; e a terceira foi a COP29 em Baku.
Com o cancelamento das agendas Lula poderá se dedicar à preparação do G20, que se reunirá em novembro no Rio de Janeiro, de acordo com Padilha.
“Dialogando com a equipe médica, nós já defendíamos que ele suspendesse as viagens internacionais por conta de fuso horário. Ele tomou a decisão de suspender essas viagens [para COP 16 e COP 29] por recomendação médica. O grande evento do Brasil vai ser o G20 e isso [cancelamento das viagens] permite que ele se dedique à preparação do G20”, complementou.
Brics: na contramão de Putin, Lula veta entrada da Venezuela
Durante a cúpula do BRICS, apesar dos esforços dos presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve posição contrária à entrada da Venezuela e Nicarágua.
Ao argumentar a favor da Venezuela, Putin disse que o país “luta pela sua soberania” e que avisou a Lula, por telefone, que discorda da posição do petista. O presidente russo, porém, ressaltou que a adesão da Venezuela dependia de um consenso, ou seja, do apoio do Brasil.
O regime do presidente Nicólas Maduro, que chegou de surpresa na cúpula do BRICS, reagiu ao veto do Brasil, chamando-o de “gesto hostil” e “agressão”. Maduro, por sua vez, deixou de cumprimentar em público a delegação de Brasília.
“A Venezuela contou com o respaldo e apoio dos países participantes nesta cúpula para a formalização de sua entrada neste mecanismo de integração, mas a representação da chancelaria brasileira, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que (o ex-presidente Jair) Bolsonaro aplicou contra a Venezuela durante anos”, declarou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em comunicado.
De acordo com o Itamaraty, entre as condições avaliadas para a adesão ao grupo, estavam relevância política, equilíbrio na distribuição regional dos países, alinhamento à agenda de reforma da governança global, inclusive do Conselho de Segurança da ONU, rejeição a sanções não autorizadas pelas Nações Unidas no âmbito do conselho, e relações “amigáveis” com todos os membros.