
Com 43 votos a favor e 23 contra, foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (15), a PEC 18/2025, conhecida como PEC da Segurança Pública.
Os deputados da CCJ aprovaram a admissibilidade da proposta de emenda à Constituição. O mérito da matéria passará por análise de uma comissão especial, que será criada em agosto pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Caso seja aprovada na comissão especial, a PEC da Segurança Pública seguirá para o plenário, onde precisará ser aprovada em dois turnos de votação.
Na CCJ, a proposta foi relatada pelo deputado Mendonça Filho (União-PE), que fez duas alterações no texto original de autoria do governo federal.
A primeira mudança feita por Mendonça foi a exclusão de um trecho que dava à União o poder exclusivo de legislar sobre segurança pública, defesa social e sistema penitenciário.
A segunda mudança foi a retirada do termo “exclusiva” ao tratar da apuração de infrações penais pelas polícias federal e civis.
A PEC da Segurança Pública é uma das prioridades do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para este ano de 2025.
A proposta busca integrar as ações das forças de segurança federais, estaduais e municipais. Também transforma a Polícia Rodoviária Federal em uma polícia viária multimodal e reforça a autonomia das guardas municipais.
Relator mudou pouco texto da PEC da Segurança
Na avaliação do relator da PEC, o texto da proposta, como foi enviado pelo governo ao Congresso Nacional, ameaçava o pacto federativo.
“A descentralização do poder, consolidada a partir da Constituição de 1988, representa uma inequívoca opção organizacional e, mais importante, um verdadeiro compromisso democrático”, afirmou.
Mendonça Filho disse que diante dessa ameaça, foi preciso mexer no trecho do projeto que conferia poder exclusivo à União para legislar sobre segurança pública,
“Ou a matéria é de competência privativa da União ou é de competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal. Não se pode ser as duas coisas ao mesmo tempo”, disse o parlamentar.
Na justificativa da segunda mudança feita no projeto, o relator afirmou que a redação original fragilizava a atuação do Ministério Público e das comissões parlamentares de inquérito.
“A proposta tende a abolir o núcleo essencial da repartição de atribuições entre poderes salvaguardada pelo constituinte originário”, explicou.
Lewandowski agradece ajustes feitos pelo relator
Após fazer as alterações, o deputado Mendonça Filho rebateu argumentos de que o projeto deveria ter sua votação adiada para o segundo semestre.
“Tenho a noção de que a minha missão é servir o público. Imagina abdicar da discussão e aguardar até 2027? Acho que seria equivocado por parte do Parlamento”, justificou.
Logo após a aprovação da PEC, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, principal responsável por elaborar o texto da proposta e negociar com a Câmara as mudanças que foram feitas, agradeceu o colegiado publicamente pelo “elevado espírito público”.
Lewandowski afirmou que os “pequenos ajustes” que o deputado Mendonça Filho fez em seu relatório “não alteraram a essência da proposta do governo, cujo objetivo é integrar a ação das polícias brasileiras no combate à criminalidade”.
“É um primeiro passo para uma verdadeira reforma da segurança pública no país”, disse o ministro da Justiça e Segurança Pública.