A permanência de Wellington Dias no Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome é vista como “insustentável”, após falas do ministro sobre ajustes no Bolsa Família. As informações foram fornecidas à “Exame” por auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ministro, que já era mal avaliado pelo governo, iniciou uma crise de comunicação na sexta-feira (7), depois de dizer que o governo avaliava reajustar o Bolsa Família. Logo após as declarações, o dólar subiu e o Ibovespa registrou perdas. Dias falou sobre a necessidade de ajuste em entrevista à “Deutsche Welle”.
“Vamos tomar uma decisão dialogando com o presidente, porque isso repercute. Será um ajuste? Será um complemento na alimentação?”, afirmou o ministro, que admitiu, logo após, que possíveis reajustes estão “na mesa”.
Casa Civil desmentiu informações de Wellington Dias
Após a repercussão, a Casa Civil da Presidência da República divulgou, no fim do dia, uma nota para desmentir as declarações.
“A Casa Civil da Presidência da Republica informa que não existe estudo no governo sobre aumento do valor do benefício do Bolsa Família. Esse tema não está na pauta do governo e não será discutido”, diz a nota.
As falas do ministro também foram uma surpresa para a equipe econômica, uma vez que não há espaço orçamentário para reajustes no benefício. Auxiliares do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relataram à “Exame” que o tema não chegou nem a ser apresentado à pasta ou debatido de forma reservada.
Os auxiliares de Lula ouvidos pela “Exame” avaliam que o episódio é mais um exemplo da falta de sintonia entre os ministérios. Para técnicos do Planalto, também ouvidos pela revista, o tema não deveria ser divulgado à imprensa antes de ser debatido pelo governo, uma vez que é sensível e tem impacto sobre o orçamento.