Eduardo Monteiro Wanderley, CEO da Petra Gold, mantinha uma vida de luxo, com direito a mansão e barcos, bancada por dinheiro desviado da companhia, segundo depoimentos de testemunhas à Polícia Federal.
O executivo é investigado por suspeita de participação em um esquema que teria emitido mais de R$ 300 milhões em debêntures sem autorização dando um tombo no mercado financeiro e foi alvo da Operação Lóris, deflagrada pela PF na quarta-feira (6).
Uma ex-contadora da Petra Gold, relatou à PF que teve seu primeiro “ruído” com Eduardo Wanderley quando “ele determinou” que ela “arrumasse uma solução para a saída de R$ 5.300.000,00 do caixa da empresa” porque “ele havia comprado uma casa no bairro da Gávea e tinha que pagar”. Segundo ela, a mansão na cidade do Rio de Janeiro foi paga à vista.
Ela afirmou ter lançado o valor como um “empréstimo ao sócio”, mas que “Eduardo queria que fosse lançado como adiantamento de dividendos” para esconder a operação do balanço da empresa. “Eduardo queria mostrar aos investidores a saúde financeira da empresa, então não queria que esse registro aparecesse na contabilidade como empréstimo”, disse.
Já uma secretária executiva disse que barcos de Eduardo batizados de “Day Trade II” e Day Trade III” foram adquiridos com dinheiro da empresa. Ela afirmou que ele também tinha gastos com roupas e restaurantes e até mesmo seguranças pessoais “sem necessidade”. Ela contou que demorou para perceber que a gastança vinha de uma farra com dinheiro da companhia.
Uma profissional responsável pelo setor financeiro da Petra Gold, disse que “ninguém” questionava o empresário sobre esses gastos “porque ele reagia mal ao ser criticado”. Segundo ela, “todos acreditavam em Eduardo porque ele tinha uma imagem de sucesso e pelos comunicados de que estava indo tudo bem na empresa”. Ele vivia promovendo comemorações por “atingimento de metas”.
Com informações do portal Metrópoles, parceiro do BP Money.
Histórico
A Petra Gold tem sido alvo de investigações por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos últimos anos. O inquérito originado na CVM proporcionou a deflagração da operação hoje. A Polícia Federal planeja solicitar autorização judicial para compartilhar as informações apreendidas com a autarquia do mercado de capitais.
A PF detalhou ainda que o grupo “também patrocinou eventos, museus, esportistas, além de adquirir um teatro, em área nobre do Rio de Janeiro, com o propósito de difundir o nome do grupo”.
Em abril de 2021, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu uma oferta pública irregular de debêntures da Petra Gold. “A autarquia apurou indícios que a Petra Gold Serviços Financeiros S.A., assim como seu sócio, Eduardo Monteiro Wanderley, estariam realizando operação fraudulenta no mercado de capitais, por meio dessa oferta”, informou a CVM à época.
A suspensão, conhecida como “stop order”, é uma medida cautelar destinada a prevenir ou corrigir situações anormais de mercado e não deve ser confundida com uma penalização.
Ao mesmo tempo, há processos sancionadores na autarquia contra a empresa e pessoas relacionadas a ela que, se forem a julgamento, podem resultar em condenações. Além da emissão de debêntures, o regulador analisa pelo menos outros dois casos de ofertas irregulares.