O ex-presidente da Petrobras (PETR3;PETR4) José Mauro Filho caiu, mas o que não cai há um bom tempo é o preço da gasolina que, inclusive, tem sido um grande impasse entre o governo e o comando da estatal. A chegada de Caio Mário de Andrade, indicado como novo presidente da petroleira, porém, não deve fazer com que os preços caiam, segundo analistas ouvidos pelo BP Money. No máximo, os preços devem se estabilizar.
De acordo com Pedro Kolar, analista da Reach Asset, os preços dos combustíveis devem seguir no mesmo patamar que estão hoje até as eleições, que ocorrem em outubro. O problema, porém, é a possibilidade da escassez de combustíveis.
“Se a gente assumir que hoje está na paridade, o que temos ouvido é que não vai ter mais nenhum reajuste, nem pra cima nem pra baixo, até a eleição. O risco disso é você ter um desabastecimento. Se o dólar subir ou os combustíveis no exterior subirem muito, a Petrobras não vai importar porque não pode ter prejuízo e você pode ter desabastecimento. Assim como a Petrobras, ninguém vai querer importar com prejuízo, e aí o mercado fica desabastecido. Esse é o principal risco. Mas eu acho que no cenário atual isso não deve acontecer”, disse Kolar.
Com um outro olhar sobre o caso, Sidney Lima, analista da Top Gain, afirma que não vê uma mudança significativa na forma de precificação do combustível por parte da Petrobras, pelo menos no curto prazo.
“É uma missão difícil, já que a empresa deve dosar os interesses dos investidores privados e da União, e questões legais podem impedir um alinhamento que beneficie uma vertente completamente governamental”, afirmou Lima.
A indicação de Caio Mário de Andrade precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras. A mudança acontece em um momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta mostrar ao eleitorado que está brigando para ajustar a alta dos combustíveis repassada à população. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece atrás do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas e, por isso, busca amenizar os efeitos da inflação no País.
Em comunicado, a Petrobras afirmou que Caio Mário de Andrade “reúne todos as qualificações para liderar a Companhia a superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o contínuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da Empresa, sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras”.
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Segundo Kolar, analista da Reach Asset, a queda de José Mauro se deu, em grande parte, por causa do aumento do diesel no início deste mês. A Petrobras anunciou há cerca de 15 dias o aumento de 9% no valor do diesel nas refinarias, o que mexeu bastante com os ânimos do governo, que foi pressionado, principalmente pela classe de caminhoneiros.
Atualmente, entretanto, a diferença de preços de combustíveis entre o mercado nacional e o internacional está chegando perto de zero, com uma tendência de queda. Isso acontece porque existe um movimento de redução nos preços dos combustíveis lá fora, além da queda do câmbio nas últimas semanas.
“O próprio Andrade mencionou que ‘não haverá mudança na política de preços’. Sendo assim, caso a instabilidade no contexto geopolítico continue, teremos uma continuidade do aumento de preços. Porém, vale a atenção pois esse (demissão de José Mauro) é claramente o primeiro passo objetivo por parte do governo para alteração da política de preços da Petrobras. Creio que as próximas alterações possam vir no conselho, o que pode trazer a clareza da intervenção”, afirmou Lima, da Top Gain.