Política

Petrobras (PETR4): comitê reprova 3ª indicação do Governo ao conselho

Conselho deve se reunir nesta sexta-feira (14) para analisar mais nomes propostos pelo Ministério de Minas e Energia, diz Broadcast

O Comitê de Pessoas (Cope) da Petrobras (PETR3; PETR4) reprovou a terceira indicação do Governo ao Conselho de Administração. Ao todo, foram enviados 11 nomes pelo Ministério de Minas e Energia (MME), conforme apurou o Broadcast.

O Cope já havia rejeitado em março os nomes do secretário de Petróleo do MME, Pietro Mendes, e do físico e dirigente do PSB, Sérgio Rezende, fato que foi ratificado pelo Conselho em reunião do dia 22 de março. No fim de março, foi a vez de o Cope rejeitar o secretário executivo do MME, Efrain Cruz.

A reprovação de Cruz, informou uma fonte ao Broadcast, deve ser confirmada na íntegra do Conselho nesta sexta-feira (14), já que o executivo ocupa cargo direto no governo federal e sua indicação é vedada pela Lei das Estatais (13.303), por configurar possível conflito de interesses.

O caso é similar ao de Pietro Mendes, que acabou rejeitado pelo Conselho de Administração em votação apertada, pelo placar de quatro votos a três. No caso de Rezende, a vedação se deve à sua pretensa liderança partidária e foi reconhecida por unanimidade pelo atual Conselho da Petrobras.

Nomes ainda podem ser aprovados

As reprovações não anulam automaticamente as indicações, porque o parecer do Cope tem caráter meramente consultivo e, historicamente, as decisões do corpo de acionistas se impõem.

A situação dos três executivos ora rejeitados pela governança da Petrobras é semelhante à que ocorreu no governo Jair Bolsonaro (PL), quando as indicações do procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano, e do então secretário especial da Casa Civil, Jonathas Assunção, foram reprovadas nas três primeiras instâncias do processo (governança interna, Cope e Conselho de Administração).

Contudo, elas acabaram aprovadas “na marra”, durante assembleia de acionistas, foro em que o governo tem a maioria de votos por representar a União, controladora da empresa.

A dúvida agora é se o governo Lula terá a mesma postura do governo anterior, ignorando as recomendações dos comitês da Petrobras, ou se vai trocar a indicação de Cruz por um dos três nomes anunciados em caráter de reserva, acrescidos à lista inicial de oito nomes. São esses: Renato Campos Galuppo, Anelize Lenzi Ruas De Almeida e Evamar José dos Santos.

Segundo fontes, apesar de terem continuado no Conselho, Ricardo Soriano e Jonathas Assunção tiveram processos abertos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que seria mais um problema para Mendes, Cruz e Rezende enfrentarem.

Além de provavelmente entrarem na mira da CVM, Cruz e Mendes, ambos indicações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ainda terão de lidar com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Cruz é nome de confiança de Silveira, cuja relação com Prates nos bastidores não tem sido das melhores. O conflito começou justamente por divergências na lista de conselheiros e diretores para a estatal, e seguiu em outras pautas, como a política de desinvestimentos e a política de preços, assuntos sensíveis sobre os quais Silveira pressionou Prates a se posicionar, mesmo quando a diretoria anterior já tinha tomado decisões.

Reunião extraordinária da Petrobras

O Conselho marcou para esta sexta-feira (14) uma reunião extraordinária para analisar as outras indicações ao novo colegiado da estatal. Ainda resta avaliar seis nomes apontados como candidatos pela União e dois por minoritários. O Conselho deve se manifestar sobre todas essas indicações até 27 de abril, data da Assembleia Geral Ordinária (AGO), quando será eleito o novo Conselho com os nomes indicados pelo Governo Lula.

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