Mesmo com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, sinalizando que o governo deve adotar novas medidas fiscais em 2025, o Palácio do Planalto está atuando em sentido oposto. Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalham para deixar claro que o governo não tem intenção de anunciar cortes de gastos antes de abril.
Nos bastidores, a mensagem é de que não se pode admitir chances de um ajuste fiscal tão cedo. A razão, segundo interlocutores ouvidos pelo Valor, é que tal anúncio poderia gerar um efeito perverso no quadro econômico, como ocorreu em 2024. Na época, a demora para concretizar o pacote fiscal, somada às avaliações sobre as medidas divulgadas, resultou em uma piora nos indicadores econômicos.
A menção ao mês de abril ocorre porque, na visão de integrantes do governo, é necessário aguardar ao menos três meses para verificar a situação das contas públicas. Em março, por exemplo, será realizado um pente-fino no relatório de receitas e despesas, e, portanto, nenhuma medida adicional deve ser tomada até lá.
Essa avaliação é compartilhada por fontes do próprio Ministério da Fazenda. Integrantes da equipe econômica destacam que, antes de enviar novas propostas ao Congresso Nacional, é imprescindível esperar a aprovação do Orçamento deste ano e avaliar o impacto do pacote fiscal já implementado.
Membros da equipe também afirmam que as medidas aprovadas no final de 2024 devem gerar uma economia superior aos R$ 69,8 bilhões estimados para 2025 e 2026, considerando que esse número é conservador.
Pacote fiscal: reunião no Planalto é retomada após pausa
A reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com seus principais ministros para discutir medidas de pacote de contenção de despesas foi retomada nesta segunda-feira (25) no Palácio do Planalto.
A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa de Lula. A primeira parte do encontro ocorreu das 10h40 às 12h50 (horário de Brasília) e foi interrompida para o almoço.
Até o momento, além do presidente, participam da reunião os seguintes ministros: Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Gustavo Guimarães (secretário-executivo do Ministério do Planejamento). Simone Tebet (Planejamento), titular da pasta, cumpre agenda em São Paulo, onde participa do lançamento de seu livro “O Voo das Borboletas” às 18h30.