O ano de 2024 começou com previsão de crescimento do PIB, ano de baixa inflação, orçamento público mais estável e flexibilização da política monetária. Com a reforma tributária aprovada em agosto de 2023, os especialistas aguardavam um afrouxamento fiscal e mais estabilidade na dívida do governo no segundo ano do governo Lula.
O ano tinha a expectativa do início de novas tributações e isenção que vinha na esteira de uma maior rigidez fiscal recorrente em 2023.
Além disso, 2024 também foi marcado como o último ano da presidência de Roberto Campos Neto a frente do BC e a expectativa de seu sucessor apontado por Lula.
O ano termina com o PIB acima das expectativas, uma Selic alta, batendo 12,25% ao ano e tendencia contínua de subida, o temor do pacote fiscal de reformas ser desidratado pelo congresso e o dólar americano atingindo assustadores R$6,134 em um cenário de desidratação de muitas medidas de contenção de governos. O mercado encerra o ano pessimista e em uma queda de braço com o governo.
Trajetória da taxa de juros
O primeiro mês do ano começou com a taxa Selic a 11,24% ao ano e havia previsão de baixa. O boletim Focus de cinco de janeiro previa uma Selic de 9% até o final do ano. Em maio a Selic bateu 10,50%. Desde setembro a tendencia mudou e houve uma sequência de três altas finalizando em 12,25%.
A alta decorreu da inflação, que aparentou estar controlada ao longo de todo primeiro semestre. No segundo semestre a economia permaneceu aquecida e isso pressionou setores de oferta.
Bruno Corano, economista da Corano capital, caracteriza o ambiente econômico instável para qualquer investimento que não seja de renda fixa atrelada a taxa de juros do governo.
“É o Brasil voltando ao modelo histórico que é muito dificil de ser batido, pois sempre figurou entre as maiores taxas de juros do mundo e isso inviabiliza o apetite e a disposição para qualquer tipo de ativo “afirma.
Gestão monetária e fiscal
O fiscal sempre precisa estar à frente das estratégias monetárias. A perspectiva de julgamento de uma política econômica está sempre atrelada a possibilidade de uma estabilidade das regras, para inclusive estabelecer melhor resultado no âmbito monetário.
Como previsão para 2025, Corano alerta: “O governo precisa assumir uma conduta que não vale para o partido, a consequência dessa indisposição se transmuta na desvalorização do real e aumento da crise. Quanto ao pacote de gastos ele não é crível e não possui efeito real com a sua desidratação”