Política

Privatização dos Correios: dívidas podem espantar possíveis compradores 

Veja alguns pontos negativos que podem desfavorecer a venda da estatal

A privatização dos Correios voltou a ser pautada nos noticiários corporativos durante as últimas semanas. A estatal deverá ser privatizada até março de 2022 e, com isso, dúvidas sobre quais empresas poderiam levar o ativo em um eventual leilão começaram a surgir. Empresas como Magazine Luiza (MGLU3) e Amazon haviam manifestado o seu interesse na disputa pela desestatização dos serviços postais. Para especialistas, a compra dos Correios pode até parecer um bom negócio, mas na prática não é bem assim.

Apesar da enorme abrangência da empresa ser um diferencial, existem pontos negativos que podem desfavorecer a estatal e repelir possíveis compradores na eventual privatização.

Foi definido pelo governo o modelo de privatização dos Correios. A proposta prevê que a União se desfaça de 100% do capital da empresa. O comprador levará os ativos e também os passivos dos Correios, como dívidas.

O último balanço dos Correios, feito em 2020, indica que os ativos circulantes e não circulantes somam R$ 14 bilhões. Quase a metade da dívida corresponde a pendências financeiras com o fundo de pensão dos funcionários, o Postalis, e o plano de saúde da empresa. Obrigações sociais e trabalhistas correspondem a cerca de 17% da dívida. Dessa forma, a companhia que levar o ativo, terá de assumir as dívidas da estatal.

Uma análise do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDS) calculou que a liquidez geral, que diz respeito à capacidade de honrar as obrigações financeiras totais, é hoje de apenas 0,44%, 18 pontos percentuais menor do que em 2015. Nos últimos anos, o patrimônio líquido dos Correios também sofreu uma queda considerável, passando de R$ 1,4 bilhão em 2015 para R$ 146,8 milhões em 2019.

Segundo estudos do BNDS, os Correios não possuem tecnologia, tem baixa produtividade e pouca competitividade. Em 2020, o faturamento caiu 6% em relação a 2019, segundo a análise

O próximo passo para a desestatização é a votação do projeto de lei 591/21, que acaba com o monopólio da estatal em relação ao setor postal. O parecer do relator do PL, o deputado Gil Cutrim (Republicanos/MA) já está pronto. A previsão é que seja encaminhado ao plenário da Câmara no início de agosto.