Política

Reforma tributária: queda do FIP-IE pode se tornar uma oportunidade para lucro com baixos riscos

Os Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs) e Fundos de Investimentos em Participações de Infraestrutura (FIP-IE) registram forte queda em meio aos ruídos políticos.

Desde que a segunda etapa da reforma tributária foi apresentada à Câmara dos Deputados, na última sexta-feira (25), muitos pontos do texto vem causando atrito no mercado. Entre eles, está a questão dos Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs) e dos Fundos de Investimentos em Participações de Infraestrutura (FIP-IE), que registram forte queda em meio aos ruídos políticos.

De acordo com Ricardo Ribeiro, CEO da BP Investimentos, o declínio desses ativos é relacionado a um “efeito manada”, gerado pela omissão do FIP-IE na reforma.

“Vimos o movimento dos fundos de infraestrutura sofrendo bastante, assim como os fundos imobiliários. Quando olhamos detalhadamente o que foi apresentado na segunda proposta da reforma tributária vemos que essa classe de ativos nem está presente no texto, ou seja, como é um mercado movimentado majoritariamente por pessoa física, acabou gerando um efeito manada e as pessoas venderam de forma irracional”, disse.

Entretanto, o CEO da BP também pondera que essa pode ser uma ótima oportunidade para aqueles que desejam investir com baixo risco e alto lucro.

“Quando paramos para analisar as taxas internas de retorno desses ativos, percebemos que as mesmas superam o IPCA em mais de 9% ao ano pela queda dos ativos. Por isso, essa é uma das maiores oportunidades hoje no mercado e quem possui visão a longo prazo consegue montar a carteira com ativos de infraestrutura, o que projeta um nível de risco bem baixo e a taxa interna de retorno extremamente alta”, destaca Ribeiro.

Já José Rosa, sócio do BRZ Investimentos, acredita que para chegar a raiz do problema é necessário entender a falta de conhecimento e informações sobre o FIP-IE.

“Acho que o primeiro ponto importante é a questão do desconhecimento do investidor sobre o que é o FIP-IE, porque esse veículo de investimento ainda não é muito conhecido e as pessoas ainda o confundem com outros produtos, como o FII por exemplo”, explica.

“Naturalmente, nós e os demais gestores de fundos de investimento em participações e infraestrutura temos um papel muito importante: estarmos próximos do investidor.”

“Trazemos à mesa a educação para poder mostrar o que é o produto, e nós do BRZ estamos fazendo um trabalho nesse sentido já há bastante tempo, nos disponibilizando para conversar sobre o assunto além de lançarmos relatórios que levem informações acerca do tema”, ressalta Rosa.

Mesmo que seja fundamental conhecer os fundos e suas características, a falta de sabedoria não é o único pilar que sustenta a baixa no setor, aponta o sócio do BRZ.

“O segundo ponto é o crescimento da taxa de juros. Vamos pensar da seguinte forma: se tínhamos uma migração de uma série de investidores para produtos novos, deixando para trás o CDI, a poupança ou o Tesouro, o FIP-IE também eram um target disso e continua sendo. O momento que temos agora apresenta, com o crescimento do CDI, uma probabilidade das pessoas voltarem a analisar isso como uma alternativa”, disse.

“E aí, a partir do desconhecimento ou de incertezas sobre o fundo, investidores podem acabar escolhendo retornar para o que é mais seguro, e pessoas com essa mentalidade podem estar migrando novamente para produtos mais populares. Logo, esse crescimento na taxa de juros combinado com a falta de informação pode ser uma razão para o movimento de queda.”

Apesar de trazer outros motivos, a reforma tributária também segue no radar de Rosa como colaborada para o mal desempenho dos ativos.

“Além disso, a reforma tributária e as dúvidas que ainda pairam sobre as definições finais do que efetivamente vai para frente também trazem mais incerteza. As pessoas que não conhecem o produto podem facilmente confundi-lo com o FII, o qual já teve suas modificações anunciadas, levando pessoas físicas a crerem que tudo o que está aplicado em um reflete no outro”, explica.

Por outro lado, a queda dos ativos não anula os marcos de crescimento registrados pelo setor durante esse ano, a exemplo da Vinci Energia FIP-IE, que demonstrou forte expansão na comparação de 2021 com os dois anos antecessores.

“Os parques eólicos em operação desde 2011 no Rio Grande do Norte apresentam, este ano, uma geração muito favorável, superior inclusive ao que observamos em 2019 e 2020”, afirma Rodrigo Rocha, diretor da Vinci Infraestrutura. “Estamos tendo uma geração acima da expectativa, e isso só comprova o quanto nosso mercado deve crescer no decorrer dos próximos anos.”

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