Impasse do IOF

STF avalia intermediar reconciliação entre lula e Congresso

Corte analisa liminar para restabelecer decreto do IOF e pode intermediar solução entre governo e Congresso

(Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/Arquivo
(Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/Arquivo

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) passaram a discutir a possibilidade de intermediar um acordo entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Nacional após a derrubada do decreto presidencial que elevava as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Alexandre de Moraes, o relator do caso no STF, deve liderar a costura da possível conciliação.

A AGU (Advocacia-Geral da União) ajuizou nesta terça-feira (1), uma ADC (ação declaratória de constitucionalidade) no Supremo para garantir a validade do decreto presidencial, e pediu liminar para suspender os efeitos do decreto legislativo que anulou o aumento do tributo.

A iniciativa foi solicitada diretamente por Lula, após avaliação técnica do ministro Jorge Messias e aprovação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP).

A análise interna no STF é de que o governo tem respaldo constitucional para editar o decreto que eleva o IOF. Para os ministros, o aumento está dentro das prerrogativas regulamentares do presidente da República.

O STF já firmou precedentes em 2019, 2020 e 2023 ao rejeitar tentativas de sustar decretos estaduais por parte de assembleias legislativas, reforçando que o Legislativo só pode barrar atos do Executivo em casos de inconstitucionalidade evidente.

O 13º Fórum Jurídico de Lisboa, que começa nesta quarta-feira (2), reunirá ministros do STF, membros do Executivo e o autor da ação no caso do IOF.

Estarão presentes Alexandre de Moraes, relator do processo; Jorge Messias, advogado-geral da União; além dos ministros Gilmar Mendes e Flávio Dino.

A expectativa é que o encontro funcione como um espaço informal para reconstrução de pontes entre os Poderes.

Nos bastidores, aliados do Planalto consideram que uma liminar favorável do STF pode “baixar a febre” e abrir espaço para negociação com o Congresso.

STF pode restabelecer validade do decreto até o julgamento final

Caso o STF conceda a liminar solicitada pelo governo, o decreto presidencial volta a valer provisoriamente. A medida prevê aumento das alíquotas do IOF sobre compras internacionais com cartão e remessas ao exterior, com potencial de arrecadação de até R$ 10 bilhões em 2025.

A decisão liminar pode servir como ponto de virada política. No entanto, o presidente Lula ainda não sinalizou disposição para rever a estratégia. A construção de uma saída pode depender mais das conversas paralelas em Lisboa do que do ambiente em Brasília.