Crise institucional

STF vê risco de fuga de Bolsonaro com apoio de Trump, diz jornal

Ministros avaliam que falas de Trump constroem base para pedido de asilo político; ex-presidente estaria em “pânico” com avanço das investigações

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Bolsonaro lidera pesquisa | Foto: Rodrigo Pozzebomm / Agência Brasil

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) avaliam, nos bastidores, que as recentes declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, estão criando uma narrativa internacional que pode embasar um eventual pedido de asilo político por parte de Jair Bolsonaro (PL).

O temor é que o ex-presidente fuja do Brasil diante da possibilidade de ser preso. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Segundo a coluna de Monica Bergamo, aliados próximos de Bolsonaro reconhecem que ele está em “pânico” com os desdobramentos da ação penal que enfrenta por tentativa de golpe de Estado.

Risco de prisão reacende temor de fuga

O ex-presidente se tornou réu no STF e está inelegível até 2030, mas pode ser alvo de novas ordens de prisão preventiva conforme avançam as investigações sobre a tentativa de ruptura institucional em 2022.

Na avaliação de integrantes do Supremo, a retórica adotada por Trump vai além do alinhamento ideológico e serve como construção deliberada de uma justificativa para eventual refúgio político.

O receio ganhou força após Trump afirmar, em declaração pública feita na quarta-feira (9), que o julgamento de Bolsonaro é uma “caça às bruxas” e que “deveria acabar imediatamente”.

Três dias antes, o presidente americano já havia escrito na rede Truth Social que Bolsonaro estava sendo perseguido por “lutar pelo povo”.

Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump reforçou o tom, chamando o processo contra Bolsonaro de “vergonha interna” e pedindo que o julgamento “não continue”.

Paralelamente, Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que, segundo ministros do STF, tem forte conteúdo simbólico e reforça o confronto diplomático, com possível uso como instrumento de pressão em favor de Bolsonaro.

Histórico reforça suspeitas

Os magistrados lembram que o ex-presidente já demonstrou disposição para deixar o país em momentos de tensão judicial.

Em dezembro de 2022, após perder a eleição, Bolsonaro viajou aos EUA e permaneceu lá por três meses, alegando “pressentir” que enfrentaria problemas no Brasil.

Em 2024, chegou a passar duas noites na embaixada da Hungria após ter o passaporte apreendido por ordem do Supremo.

Outro fator que acende o alerta no STF é o papel do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente vive nos EUA e se identifica como “deputado em exílio”.

O filho do ex-presidente tem articulado com parlamentares republicanos, como Cory Mills, que chegaram a sugerir sanções ao ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, legislação americana que permite punir autoridades estrangeiras por violações de direitos humanos.