(Reprodução:© Marcelo Camargo/Agência Brasil
(Reprodução:© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (20) que o etanol brasileiro não deve ser usado como moeda de troca em negociações comerciais com os EUA, em meio à escalada tarifária imposta pelo governo de Donald Trump.

A declaração foi feita durante a 25ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo, e reforça o alinhamento do governo paulista ao setor sucroenergético, que pressiona o Planalto a manter as tarifas de proteção sobre o etanol norte-americano.

“Vamos fornecer o etanol que vai mover as embarcações. Isso significa que há uma demanda extraordinária e não precisamos fazer concessões daquilo que é reserva estratégica do Brasil”, disse Tarcísio.


“Temos que proteger essa reserva. Precisamos prestigiar quem investe em tecnologia e faz a diferença no campo”, completou.

A fala do governador ocorre após rumores de que o governo brasileiro estaria avaliando reduzir a tarifa de importação de 18% sobre o etanol dos EUA como forma de atenuar medidas retaliatórias americanas.

A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) nega qualquer tratativa nesse sentido e reforça a posição:

“O etanol brasileiro é um ativo estratégico de soberania nacional — e não pode ser tratado como moeda de troca em negociações comerciais.”

O setor argumenta que a resistência à abertura está ligada ao modelo produtivo distinto: enquanto o Brasil produz etanol a partir da cana-de-açúcar, os EUA utilizam milho com forte subsídio governamental, o que reduz artificialmente os custos e desequilibra a concorrência internacional.

A manutenção da tarifa de 18% é considerada essencial para proteger a competitividade do etanol nacional e garantir previsibilidade ao mercado de biocombustíveis, que representa cerca de 20% da matriz energética brasileira.

O episódio se insere na guerra comercial aberta por Trump, que incluiu tarifas de até 50% sobre produtos agrícolas e manufaturados brasileiros.

O governo federal busca uma resposta coordenada com o setor privado, evitando escalada imediata, mas mantendo firmeza nas negociações diplomáticas.