Tarifas de Trump

Tarifaço entra em vigor sem diálogo entre Lula e Trump

Presidente brasileiro afirma que norte-americano “não quer conversar” e critica motivação eleitoral da medida

Foto: Ricardo Stuckert/ Planalto e Reprodução/ Facebook/ Donald Trump
Foto: Ricardo Stuckert/ Planalto e Reprodução/ Facebook/ Donald Trump

O tarifaço de 50% imposto pelos EUA a produtos brasileiros entra em vigor nesta quarta-feira (6), ainda sem qualquer diálogo direto entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump.

Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, na terça-feira (5), Lula afirmou que não fará contato com o norte-americano para discutir o tema.

“Não vou ligar para o Trump para negociar nada (sobre o tarifaço), porque ele não quer”, disse Lula, acrescentando que pretende convidá-lo para a COP, que será realizada em Belém.

“Quero saber o que ele pensa da questão climática”, afirmou o presidente, dirigindo-se à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Lula criticou a forma como as tarifas foram anunciadas, por meio de carta publicada nas redes sociais, e disse que Trump poderia ter procurado autoridades brasileiras para dialogar.

“O presidente americano não tinha direito de anunciar taxações como anunciou ao Brasil”, declarou.

O governo dos EUA justificou a medida alegando perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no julgamento que corre no Supremo Tribunal Federal.

Para Lula, a motivação é eleitoral. “O pretexto (para a taxação) não é nem político, é eleitoral”, afirmou.

Na sexta-feira passada (2), houve uma breve troca de acenos. Trump afirmou, em entrevista à TV Globo, que Lula “pode falar comigo quando quiser”.

Horas depois, Lula respondeu na rede X (antigo Twitter) que “sempre esteve aberto ao diálogo” e que trabalha para dar uma resposta à nova política tarifária. “Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições”, escreveu.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, a tarifa de 50% atinge 35,9% das exportações brasileiras para os EUA, o equivalente a US$ 14,5 bilhões em valores de 2024.

O impacto poderia ser maior, mas o governo americano incluiu cerca de 700 itens na lista de exceções, como celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro.

A Embraer, por exemplo, conseguiu reduzir a alíquota sobre seus produtos.

Além do Brasil, outros países também sofrerão aumento tarifário a partir desta quinta-feira (7), incluindo Japão, Coreia do Sul e membros da União Europeia.

No entanto, em nenhum desses casos a alíquota será tão alta quanto a aplicada ao