Política

Vale: após tragédia, prefeitura entra com ação contra banco dos EUA

A ação visa processar os bancos Merrill Lynch, Barclays Capital, Citibank e JP Morgan

A prefeitura de Ouro Preto, juntamente com outros seis municípios mineiros, tomou medidas legais nos Estados Unidos, buscando justiça em nome de suas comunidades. A ação visa processar os bancos Merrill Lynch, Barclays Capital, Citibank e JP Morgan por seu papel como financiadores de empreendimentos de alto risco da Vale, a empresa de mineração associada a tragédias em Brumadinho e Mariana.

Foi revelado um extenso histórico de empréstimos concedidos a partir de 2011, totalizando impressionantes US$ 17,2 bilhões. A tragédia de Mariana completa oito anos, um lembrete doloroso das consequências devastadoras dessas catástrofes.

A prefeitura e os demais municípios argumentam que essas instituições financeiras lucraram com as operações da Vale, aparentemente indiferentes aos danos causados às comunidades. A ação alega que a Vale, por conta própria, não teria os recursos financeiros para continuar sua estratégia prejudicial ao meio ambiente dentro dos limites dos municípios.

Os bancos são igualmente apontados como investidores de destaque na mineradora, lucrando com juros sobre empréstimos e com o aumento no valor das ações da Vale. Surpreendentemente, os financiamentos a essa empresa continuaram e até aumentaram após as tragédias de Brumadinho e Mariana.

O processo teve início no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York em setembro. A ação representa não apenas a prefeitura de Ouro Preto, mas também as prefeituras de Barão de Cocais, Itabira, Itabirito, Mariana, Nova Lima e São Gonçalo do Rio Abaixo.

A ação legal destaca que, ao longo dos anos, barragens inseguras foram paralisadas, forçando comunidades a conviver com o constante medo de rompimentos, inclusive levando à evacuação de algumas áreas. O impacto econômico dessas tragédias é evidente, com ônus adicionais aos municípios, desvalorização de propriedades e aumento nos gastos com saúde, segurança pública e outros serviços sociais.

Essas ações legais têm como objetivo responsabilizar as instituições financeiras pelo seu papel nas tragédias e buscar justiça para as comunidades afetadas.