O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a atual taxa de juros no Brasil ao discursar na cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa Selic em 13,75%.
“Não tem explicação para a taxa de juros a 13,5%. Faz anos que a gente briga pela taxa de juros no Brasil”, disse Lula. O petista também afirmou que o problema é a cultura de juros altos no País, que não combina com a necessidade de investimentos.
“É uma vergonha esse aumento de juros e explicação que deram para a sociedade. Dizem que o presidente não pode falar [sobre a taxa de juros], eu tenho que falar. Quando eu era presidente eu era cobrado”, relatou.
“Quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. Se a classe empresarial não se manifestar, se as pessoas acharem que vocês estão felizes com 13,5%, eles não vão baixar os juros”, completou Lula.
Lula critica Campos Neto e sinaliza mudança na autonomia do BC
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na última quinta-feira (2), que pode rever a autonomia do Banco Central. De acordo com ele, essa possível mudança ocorreria logo após o encerramento do mandato de Roberto Campos Neto, atual mandatário da instituição.
“Quero saber do que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão (Campos Neto) terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o banco central independente”, afirmou Lula em entrevista à RedeTV!.
Questionado se poderia haver uma mudança na autonomia do BC, Lula confirmou. “Acho que pode, mas quero dizer que isso é irrelevante para mim. Isso é irrelevante, isso não está na minha pauta. O que está na pauta é a questão da taxa de juro”, salientou o petista.
A declaração de Lula ocorreu no dia seguinte à decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, num momento em que o presidente e seus colaboradores mais influentes defendem que se inicie a redução dos juros como forma de oxigenar a economia e reduzir o custo da dívida pública brasileira.