Existe Vinho Rosé?

De maneira resumida existem três métodos principais para a elaboração de vinhos rosés

Calma, deixa eu explicar. Quem já espremeu uva sabe que o interior é branco, independentemente da cor da casca. Bom, mas então o que é responsável pela coloração do vinho tinto? O contato do suco com a casca tinta. De maneira resumida, é simples assim.

E Rosé? De maneira resumida existem três métodos principais para a elaboração de vinhos rosés. São estes: (i) prensagem direta, em que as uvas tintas são esmagadas e prensadas da mesma forma que ocorre com vinhos brancos; (ii) maceração curta, em que uvas tintas são esmagadas e deixadas em contato com as cascas para extrair sabor e cor; (iii) mistura, em que uma quantidade de vinho tinto é adicionada a vinho branco para se obter a cor rosé.

Fica nítido que uva rosé simplesmente não existe. Mas a pergunta é, a partir de que cor (ou contato com a casca) o vinho deixa de ser rosé e se torna tinto? Visto que não existe uma regra objetiva, é comum observarmos vinho rosé que, visualmente falando aparentam ser tintos. Também não é incomum vermos rosés tão clarinhos que parecem ser brancos mais escuros.

A lógica é a mesma para vinho laranja. Em uma visita recente a um bar de vinho natural em Nova Iorque, perguntei ao dono do bar sobre o consumo do vinho laranja entre os clientes. A resposta dele foi “não existe vinho laranja, são todos vinhos brancos.” Eu sorri.

A resposta dele não é sem motivo. No fim do dia, o vinho laranja nada mais é do que vinho branco e contato prolongado com as cascas brancas, que, eventualmente, se tornam laranja. Isso se dá por conta de uma fina camada protetora que contém uma complexa gama de componentes químicos, incluindo taninos e antocianinas e eventualmente mudam a cor do vinho.

No fundo, a lógica do dono do bar é a mesma que para o rosé. Não estou argumentando que estas categorizações não são importantes, principalmente porque o mercado não pode esperar que o consumidor médio entenda de métodos de vinificação. Dito isso, para os profissionais, será que estamos adicionando um grau de complexidade desnecessário para os tipos de vinho? Não sei responder.

Saúde!