Pan American investe valor bilionário em parques eólicos na Bahia

A Pan American Energy (PAE) decidiu entrar no Brasil para implantar o maior complexo eólico do portfólio da companhia

A argentina Pan American Energy (PAE) decidiu entrar no Brasil para implantar o maior complexo eólico do portfólio da companhia. A PAE vai investir R$ 3 bilhões na construção de parques eólicos que vão ocupar áreas em seis municípios no centro do Estado da Bahia: Novo Horizonte, Boninal, Brotas de Macaúbas, Ibitiara, Oliveira dos Brejinhos e Piatã.

Do total dos aportes, R$ 900 milhões deverão vir de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 300 milhões de financiamentos do Banco do Nordeste e R$ 1,8 bilhão serão aportados com recursos próprios. O BNDES informou que o apoio foi aprovado, mas ainda não desembolsado por faltarem termos da negociação. Procurado, o BNB não respondeu. As informações são do Valor Econômico

De acordo com a publicação, o investimento da PAE será aplicado nos parques eólicos e na infraestrutura do entorno, como a construção de estradas, melhoria de vias existentes e contrapartidas socioambientais – caso da contratação de mão de obra local, capacitação técnica e educação ambiental, além de cursos de formação e qualificação profissional.

A PAE atua na exploração e produção de petróleo e gás e em refino, distribuição e venda de produtos derivados na Argentina e outros países da região onde está presente. Passou a olhar também projetos de energias renováveis, segmento que inclui o projeto no Brasil. A companhia nasceu fruto da fusão da empresa argentina Bridas – a qual, anos depois, foi incorporada à chinesa CNOOC Limited – com a Amoco, hoje da BP. Hoje os acionistas da PAE são a Bridas Corporation e a BP, com 50% cada.

A companhia informa que começou a estudar a possibilidade de atuar no Brasil em 2020: “O Brasil é um player global forte na transição energética, com recursos naturais e um grande mercado”, diz Enrique Lusso, vice-presidente de desenvolvimento internacional da PAE. “Acreditamos que este é um bom momento para começar a atuar no país pelo nível de expertise da própria empresa. Nosso mandato no país é para crescer em renováveis por cerca de 30 a 40 anos. O primeiro investimento é na Bahia, mas não é o último. Acreditamos que temos conhecimento para atuar em outros mercados.”

A PAE assinou acordos comerciais para fornecer ao menos 70 megawatts (MW) médios por prazo de até cinco anos, a partir do início das operações na Bahia, que recebeu o nome de Complexo Eólico Novo Horizonte. A previsão é que as instalações estejam operando por completo em 2024. A PAE já vendeu 36% da energia que o parque eólico vai produzir. Segundo a companhia, foram assinados contratos com a Auren Energia, da Votorantim e CPPIB, e Eneva. A Eneva confirmou a contratação enquanto a Auren, procurada pela reportagem, não quis comentar.

A capacidade instalada será de 423 MW, maior do portfólio de renováveis da PAE. Entre os outros cinco países em que atua, o único que tem ativos eólicos é a Argentina: o parque eólico Garayalde, com sete aerogeradores e 24 MW de capacidade instalada; e os parques eólicos Chubut Norte III e IV, com 32 aerogeradores e 140 MW de capacidade instalada.

Planejamento

No cronograma, a expectativa é que os 94 aerogeradores da Bahia comecem a ser entregues em agosto. A primeira fase deve iniciar a geração no fim de 2023. Até março de 2024 todos os parques devem estar em operação. Sem divulgar valores, Alejandro Catalano Dupuy, diretor-geral da PAE no Brasil, diz que a estimativa de retorno será de acordo com a indústria e alinhada ao investimento empenhado. “É um investimento de longo prazo, com vendas de longo prazo. Vamos começar a vender quando começarmos a produzir.”

O projeto contempla ainda uma subestação própria de elevação de tensão, 79 km de linhas de transmissão (500 kV) e ampliação de uma subestação existente para conectar os parques eólicos ao Sistema Interligado Nacional (SIN).