A KPE Engenharia entrou com um pedido de recuperação judicial nesta terça-feira (17), na 2ª Vara da Comarca de Salvador, na Bahia. De acordo com informações obtidas pelo BP Money, o valor da causa da petição foi de pouco mais de R$ 6 bilhões.
O documento, obtido pelo BP Money, aponta que empresas como OAS, E2 Arenas, G.O Participações, Megha Infraestrutura, Alpha 3 Participações e OAS Investimentos também fizeram parte do pedido de recuperação judicial da KPE.
O grupo alega que os negócios foram afetados drasticamente pela pandemia de Covid-19, já que a crise sanitária “reduziu de forma expressiva a disponibilidade de recursos do Poder Público para investimento no setor de construção civil”.
Outro fator que segundo o conjunto de empresas teria colaborado para o aprofundamento do problema, foi o brusco aumento nos custos dos insumos e das matérias‐primas no setor de construção.
“Os orçamentos das obras das Requerentes, apresentado no início dos respectivos processos licitatórios, não se mostraram mais viáveis. Assim, sem uma renegociação com o Poder Público, todas as obras tornar‐se‐iam deficitárias”.
No documento, a companhia diz que a recuperação judicial viabilizará “a continuidade das atividades das Requerentes, garantindo que um grande grupo empresarial brasileiro possa seguir com suas operações, preservando‐se, direta ou indiretamente, cerca de 6.300 empregos, diretos e indiretos, a criação de tecnologia e os interesses de todos os seus stakeholders, incluindo credores, fornecedores, clientes, parceiros comerciais e comunidades impactadas por suas atividades”.
O pedido será analisado pela 2ª Vara Empresarial de Salvador.
KPE Engenharia atrasou pagamentos e realizou demissões
A KPE Engenharia está imersa em uma série de embargos que envolvem demissão em massa, altas dívidas e processos trabalhistas. A companhia desapareceu do radar e deixou de responder os questionamentos dos funcionários demitidos, bem como apurou o BP Money na época, também com exclusividade.
Em maio, o BP Money noticiou que a Coesa realizou a compra da KPE Engenharia, antiga OAS. O detalhe é que a nova dona também já fez parte da antiga empreiteira.
No mês seguinte, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a falência da construtora Coesa, antiga OAS. As dívidas da companhia que estava em recuperação judicial somam R$ 4,49 bilhões.
De acordo com o jornal “O Globo”, a Justiça acatou os argumentos dos credores de que as movimentações societárias promovidas pela OAS, e que resultaram na recuperação judicial da Coesa, foram “fraudulentas”.
A Coesa é fruto de uma reestruturação societária da OAS, construtora que entrou em recuperação judicial após o seu envolvimento nos escândalos de corrupção revelados pela operação Lava Jato.
Após 5 anos de recuperação judicial, a OAS saiu da tutela da Justiça. Mas antes de cumprir com o plano e pagar seus credores, em 2021, a OAS promoveu uma reestruturação que resultou na criação das subsidiárias Meta e Coesa, entre outras. A primeira ficou com os contratos de engenharia, cedidos a custo zero, enquanto a segunda herdou as dívidas.
Logo após ter sido criada, a Coesa entrou com pedido de recuperação judicial — e os credores, que ainda não tinham recebido os créditos devidos da OAS, se viram tendo que enfrentar uma nova recuperação judicial.