A Petrobras (PETR4) vem ocupando o noticiário nacional com as possíveis intervenções do Governo Federal, os dividendos extraordinários e os esforços para alterar a estrutura do seu modelo de negócio. Na contramão das polêmicas, a estatal aposta no ESG (Ambiental, Social e Governança) para atrair novos investidores.
Analistas ouvidos pelo BP Money apontaram que as movimentações voltadas para a redução da emissão de carbono são um ponto muito positivo para a Petrobras.
CEO da Smart House Investments, André Colares avalia que a iniciativa pode atrair investidores mais “focados em investimentos sustentáveis, que estão se tornando cada vez mais relevantes”.
A petroleira assinou, recentemente, um acordo com a Mitsui para avaliação de oportunidades de negócios em baixo carbono. Na celebração será explorada a produção de hidrogênio sustentável e seus derivados, utilização de biometano, e captura, transporte e armazenamento de CO2 (CCS).
Além disso, a estatal vem realizando uma série de negociações para aquisições. No final de 2023, a petroleira adquiriu participação em três blocos de petróleo na África.
Já em março de 2024, a companhia iniciou a fase de avaliação para recuperar sua participação na Refinaria de Mataripe, na Bahia.
Em linha com a avaliação de Carlos, Fábio Murad, sócio da Ipê Investimentos, explica que, no cenário atual, o mercado tem considerado critérios ESG ao tomar decisões de investimento.
“Empresas que adotam práticas sustentáveis e demonstram compromisso com a redução de emissões de carbono tendem a atrair investidores que buscam retornos financeiros alinhados com valores éticos e ambientais”, declarou Murad.
A afirmativa é justificada pelo avanço de 17% até dezembro de 2023, em relçaõa a 2022, no ISE B3 (Índice de Sustentabilidade Empresarial). Segundo informações da “Folha de São Paulo”, o índicado é o principal ligado às práticas de ESG da Bolsa de Valores brasileira.
Retorno da Petrobras (PETR4) deve ser a longo prazo
O gestor financeiro e especialista em investimentos Marlon Glaciano explicou que, por hora, o maior desafio da Petrobras (PETR4) é o custo para a implementação de novos projetos.
“O principal desafio continua sendo o valor de investimento em soluções de energia renovável, equilibrando o valor de investimentos atuais com o valor para os novos projetos”, disse Glaciano.
Desta forma, enquanto outras empresas do setor têm a vantagem inicial em práticas sustentáveis, a petroleira pode usar seus recursos para alavancar sua experiência e acelerar sua transição.
“Os principais desafios incluem a necessidade de investimentos substanciais e a adaptação a um mercado de energia em rápida mudança”, explicou André Colares, CEO da Smart House Investments.
A petroleira comunicou no final de fevereiro que iniciou uma série de estudos e projetos-piloto referentes à geração eólica offshore. A estatal acrescentou que os planos são de longo prazo e devem ser revertidos em ações concretas entre 2029 e 2030.
Além disso, é possível que as mudanças estruturais no modelo de negócio da empresa a faça desfrutar de diversos benefícios. Esse ponto positivo vem mesmo que os bons impactos financeiros venham mais tardiamente.
“Os benefícios a longo prazo são significativos, incluindo a redução do risco associado à volatilidade dos preços do petróleo, o fortalecimento da reputação da empresa e a abertura de novas oportunidades de negócios em setores emergentes de energia renovável”, pontuou Fábio Murad, sócio da Ipê Investimentos.
Contudo, mesmo com essas boas perspectiva para o longo prazo, as incertezas sobre influência do governo na companhia gera apreensão em investidores. Vale destacar, que a polêmica referente aos dividendos também gerou certo impacto.
A XP Investimentos divulgou, nesta semana, que retirou a petroleira de sua carteira de dividendos. Nesse mesmo sentido, o Santander (SANB11) anunciou a redução do seu exposição aos papéis da petroleira. Agora, o ticker PETR4 tem peso de 1% na carteira do banco.