A varejista Americanas (AMER3), que está em processo de recuperação judicial, estaria em falta com a entrega de documentos exigidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), assim como outras sete empresas.
De acordo com uma nota divulgada nesta quarta-feira (3) pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM, as empresas consideradas inadimplentes não enviaram pelo menos um dos seguintes documentos periódicos à autarquia há, no mínimo, três meses: Formulário de Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP), Formulário de Informações Trimestrais (ITR) e Formulário de Referência (FRE).
Além da Americanas, outras empresas também estão em falta com a entrega de documentos à CVM. Entre elas estão 2W Ecobank, Anemus Wind, Auzza Securitizadora, Unigel, e Coteminas (CTNM4), Cia Tecidos Santanense, Springs Global que se encontram em recuperação judicial.
Americanas (AMER3) tentou parar fraudes em 2020, mas esquema voltou
Durante a pandemia de Covid-19, em 2020, a Americanas (AMER3) tentou interromper o esquema de fraudes, mas não conseguiu. Márcio Cruz, um dos executivos da companhia, na época CEO da operação de comércio eletrônico, ficou insatisfeito com o desempenho real e o esquema retomou, segundo apuração do “Valor”.
As informações constam nos pedidos de medida cautelar deferidas pela Justiça do Rio de Janeiro, que investiga a ex-diretoria da Americanas.
Marcelo Nunes, ex-diretor financeiro da B2W, contou em depoimento que devido à pandemia o resultado do digital ‘passou a ser muito bom”, e que, a partir de março ou abril de 2020, foi uma oportunidade de melhorar o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação).
Durante o intervalo, a Americanas aproveitou para aumentar as margens dos produtos, buscando aproximar o resultado falso de um mais real.
De acordo com Nunes, a quantidade de lançamentos fictícios caiu em 2020, mas, com isso, os dados mais próximos da realidade passaram a mostrar uma B2W crescendo menos que os concorrentes.
A Americanas montava versões variadas do balanço, que eram chamadas internamente de “orçamento”. A fabricação de verbas de mídia e de operações financeiros de risco foi o que permitiu a inclusão dos números alterados, de acordo com o veículo de notícias