Juros e inflação

BC pode elevar Selic em 1 ponto após pacote fiscal

Se o nível do aperto monetário se confirmar, a Selic chegará ao patamar de 12,50% ao ano ainda em 2024

Cédulas de real
Cédulas de real / Foto: Pixabay

O mercado financeiro já considera no radar do BC (Banco Central) uma possível elevação da Selic (taxa básica de juros) em 1 ponto percentual na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), segundo o Termômetro do Copom, ferramenta do “Valor”.

O mercado aguardava o anúncio oficial do governo federal sobre o pacote de corte de gastos, que foi feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) em pronunciamento em cadeia nacional na noite de quarta-feira (28), e através de uma coletiva de imprensa para explicar as medidas, nesta quinta-feira (28).

Se o nível do aperto monetário se confirmar, a Selic chegará ao patamar de 12,50% ao ano ainda em 2024. O Termômetro do Copom indica que as apostas nesse aumento subiram para 11,2% contra os 5,5% anteriores.

A próxima reunião para definir a taxa Selic está agendada para o dia 11 de dezembro. Já para a primeira reunião de 2025, prevista para 29 de janeiro, as projeções apontam que 20% dos agentes apostam em um aumento de 1 ponto percentual nos juros.

No entanto, ainda predomina a estimativa de 55% de probabilidade de um aumento de 0,75 ponto percentual, segundo o “Valor”.

Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, acredita que parte do mercado espera a Selic acima de 14% no próximo ano por conta da escolha do governo de sinalizar mais bondades à população do que medidas efetivas para conter o déficit fiscal. 

“O pronunciamento não trouxe a palavra corte e isso mais que justifica o sentimento que já vinha sendo colocado em perspectiva: o governo não tem compromisso com a responsabilidade fiscal, mesmo com o aumento de gastos públicos em mais de R$ 200 bi nos últimos dois anos e previsão de déficit em 2025”, comentou.

Santander projeta inflação e Selic mais altas em 2025

Santander passou a projetar uma inflação acima da meta do BC (Banco Central) na atualização do cenário macroeconômico do banco, divulgada nesta sexta-feira (22). Segundo o documento, a previsão para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ao final de 2024 é de 4,8%.

O percentual está acima da projeção anterior, de 4,4%, e supera a meta de inflação do BC, de 3% com margem de erro de 1,5% para cima ou para baixo. Para 2025, o banco prevê um IPCA de 4,3%, ante 3,9% na expectativa anterior.

A alta foi baseada na projeção de um aumento nos preços de serviços e alimentação no domicílio, puxada pela proteína, uma vez que o preço do boi subiu quase 40%.

Além disso, o banco elevou suas previsões para a taxa Selic de 10,50% para 12,00% ao fim de 2025, prevendo que, em seu ponto máximo, o percentual deve chegar a 13,00% no ano que vem, caso o BC mantenha a tendência atual. O banco prevê altas de 50 pontos-base até março e mais 25 pontos em maio.

O BC vem seguindo essa trajetória desde setembro, reagindo a expectativas de aumento da inflação além do esperado anteriormente e maior atividade econômica. Atualmente, a Selic está em 11,25%.

Para o PIB, as projeções do Santander se mantiveram estáveis, em 3%. Para 2025, a previsão é de crescimento de 1,8%, ante 1,5% na projeção do último cenário. O aumento foi baseado nas boas perspectivas para a agropecuária.