A regulamentação da geração de energia eólica offshore no Brasil entra em uma nova etapa após o avanço do PL (Projeto de Lei) no Senado nesta terça-feira (10). A Comissão de Infraestrutura aprovou o texto que deve seguir para votação no plenário da Casa nesta quarta-feira (11).
As críticas ao PL 576/2021 por parte do setor elétrico se baseia na inclusão de alguns “jabutis” – temas sem relação direta com o assunto central da medida – no texto. Esses temas prorrogam a geração de fontes poluentes, como carvão, e elevam os custos aos consumidores de energia, segundo o “Investing.com”.
A Câmara aprovou o texto no final do ano passado considerando os citados “jabutis”. No Senado, o texto sofreu poucas alterações. Se aprovado nesta semana, o PL segue para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os benefícios e prazos adicionais para usinas a carvão, gás natural e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) são as principais críticas ao PL, pois esses pontos tendem a agravar a sobreoferta de energia elétrica no País, aumentando os custos embutidos na conta de luz.
Essas emendas “jabutis” devem custar R$ 440 bilhões para os consumidores de energia até 2050, segundo cálculos da consultoria PSR, ou uma despesa anual de 17,5 bilhões de reais, com impacto de 7,5% nas contas de energia, de acordo com o veículo.
Uma projeção da Frente Nacional de Consumidores de Energia elaborada com os institutos Arayara, ClimaInfo também indicou estimativa de aumento de 25% das emissões anuais de gases do efeito estufa do setor elétrico brasileiro com as contratações previstas no PL, incluindo os 4,2 GW de termelétricas a gás e prorrogação de usinas a carvão por 25 anos.
Por outro lado, considerando a segurança energética e a redução de emissões, outros agentes, porém, saíram em defesa da aprovação do PL mesmo com os “jabutis”.
Na avaliação do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), que representa empresas que também são importantes agentes do setor eólico offshore mundial, o PL é um “marco-chave” para alavancar esse mercado, trazer investimentos para o Brasil e gerar novos empregos na nova economia de baixo carbono.
“Caso o PL não seja aprovado em 2024, o Brasil corre o risco de atrasar a organização do leilão, adiando o início de quase 100 projetos em fase de estudos e licenciamento no Ibama, a atração de capital e, até mesmo, perdendo esses investimentos para mercados que estão em um estágio regulatório mais avançado”, consta em nota da IBP.
Energia: como cortes na geração afetam preços do mercado livre
Os cortes de geração vão afetar os preços praticados no mercado livre de energia, pois os empreendedores devem começar a embutir os riscos nos contratos.
As perdas dos agentes somaram R$ 1,7 bilhão nos últimos 15 meses, segundo estimativas da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) e da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
Conhecido como curtailment, o tema é um dos mais discutidos no setor elétrico, especialmente para as usinas solares e eólicas. Os cortes se intensificaram após o apagão ocorrido em agosto de 2023.
Os principais motivos dos cortes são o excesso de geração dessas fontes e o congestionamento das linhas de transmissão.
A CEO e fundadora da consultoria FSTE, Fabíola Sena, acredita que o cenário deve gerar flutuações de preço em acordos futuros.
“Não deve haver mudança de preços em contratos existentes. Já os novos contratos podem vir com preços mais elevados, pois os geradores tenderiam a refletir esse prêmio de risco nos preços contratuais”, afirmou a executiva, conforme noticiado pelo “InfoMoney”.