Confirmada através de uma MP (Medida Provisória), publicada nesta segunda-feira (14), a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda das pessoas físicas para dois salários mínimos (R$ 3.036,00) significará uma renúncia fiscal de R$ 3,29 bilhões neste ano, informou o Ministério da Fazenda.
A Receita Federal estima que o impacto será de R$ 5,34 bilhões em 2026 e de R$ 5,73 bilhões em 2027.
Além disso, o Ministério da Fazenda destacou também que o valor da primeira faixa da tabela progressiva aumentou para R$ 2.428,80. Considerando esse valor somado ao desconto simplificado de R$ 607,20, haverá garantia de que nenhum rendimento até dois salários mínimos mensais seja tributado a partir de maio.
“Esse benefício será usufruído por todos os brasileiros, mesmo os de maior renda, que terão redução do valor do imposto a ser recolhido”, disse a pasta, segundo o “InfoMoney”.
Por fim, a Fazenda observou ainda que este ano o impacto fiscal será menor, isto porque a medida entrará em vigor somente no mês de maio e, portanto, não terá reflexos sobre a arrecadação do primeiro quadrimestre.
“O próximo passo será a aprovação do PL 1.087/2025, garantindo a isenção para os rendimentos até R$ 5 mil e a redução do imposto para as rendas até R$ 7 mil”, concluiu a pasta em referência ao projeto de reforma já enviado ao Congresso.
Fazenda não crê em recessão nos EUA, mas prega cautela
Os EUA já estão sob o governo de Donald Trump há dois meses, mas a avaliação do Ministério da Fazenda ainda é de que os impactos das políticas do republicano sobre a economia norte-americano e a brasileira são “pouco claros”, disse Guilherme Mello, secretário de Política Econômica (SPE) da pasta. Ele reforçou que não vê um cenário de recessão para a economia norte-americana.
“Como estas políticas vão se concretizar e quais serão seus impactos ainda é pouco claro para nós. Temos que esperar para entender como vão se dar as negociações dos EUA com outros países, com China, Europa, parceiros próximos como México e Canadá. Ainda é necessário cautela”, disse o executivo da Fazenda em entrevista ao “CNN Money”.
Mello também defendeu que o Brasil segue bem posicionado para lidar com os efeitos das políticas de Trump, mesmo em meio às incertezas. O secretário mencionou as trocas robustas do Brasil com a China como um sustentáculo neste cenário. O país asiático é o maior parceiro comercial brasileiro.
Além disso, o secretário da Fazenda deu destaque também ao avanço do acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, concluído no ano passado. O negócio pode ser uma proteção a ambos os blocos, considerando políticas tarifárias mais rígidas por parte de Trump.
No entanto, o argumento de que o Brasil não deve ser alvo preferencial das tarifas da Casa Branca, devido ao déficit comercial com os EUA, foi levantado por Mello.
Atualmente, o Brasil enfrenta apenas tarifas abrangentes dos EUA para o aço e o alumínio, porém, o seu etanol está na mira do republicano, segundo o veículo.
“Não consigo enxergar hoje um cenário de recessão nos EUA, mas obviamente é algo que precisa ser acompanhado. Acredito mais em um momento de transição. Pode haver pressão inflacionária e redução do crescimento com as políticas adotadas, mas não vejo cenário de recessão”, disse.