Foto: Pixabay, Pexels
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A economia da torcida mostra como o comportamento digital dos jovens está redefinindo o esporte e o consumo. O entretenimento esportivo se tornou um fenômeno econômico e cultural.

A tecnologia avança e, com ela, cresce o interesse da população pelo mundo digital. Lazer, informação, investimentos e até educação migraram para o ambiente online. Nesse contexto, os jovens assumem o papel de protagonistas da transformação cultural e econômica do país.

A renda digital se consolidou como fator essencial na sociedade contemporânea e representa uma parte significativa da economia global.

Do estádio ao celular: o novo consumo esportivo

A presença do torcedor é crucial para o engajamento dos clubes. Seja por meio de patrocínios, interação direta com atletas ou presença em jogos, o envolvimento dos fãs é o que sustenta o ecossistema esportivo.

Com o tempo, porém, essa participação mudou de forma profunda. Antes, ir ao estádio ou ouvir jogos pelo rádio era suficiente. Hoje, o torcedor quer fazer parte ativa do espetáculo. O papel que antes era apenas de espectador agora é de participante e investidor emocional.

Acessar uma plataforma que dá bônus para novos apostadores ou aqueles que querem acompanhar seus times preferidos virou um hábito para os jovens torcedores. Nesse cenário, apostar passou a ser visto não apenas como jogo, mas como extensão da cultura de engajamento e recompensa instantânea. Jogue com responsabilidade.

A regulamentação desses canais representa um marco na profissionalização do entretenimento digital, contribuindo também para o desenvolvimento do futebol nacional. Atualmente, 90% dos clubes da Série A contam com patrocínio master de casas de apostas, segundo a Globo.

Crescimento da economia digital e do entretenimento interativo.

De acordo com estudos da PwC e da Deloitte, 65% dos jovens brasileiros entre 18 e 29 anos já consumiram algum produto financeiro ligado ao esporte — seja uma aposta esportiva, fantasy game ou fan token.

Nos últimos anos notou-se uma transição significativa entre a relação emocional que o torcedor tinha com o time para uma participação ativa no investimento. Em 2023, os programas de sócio-torcedores do Brasileirão Série A cresceram 72%, totalizando R$705 milhões. O torcedor contemporâneo quer “participar do jogo”, não só assistir.

O esporte como ativo financeiro

O investimento esportivo, as apostas e a valorização de marcas transformaram o esporte em um setor financeiro altamente lucrativo. Clubes e atletas são tratados como ativos econômicos, com valores de mercado, receitas crescentes e negociações milionárias.

Um estudo da Sou do Esporte, em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), revelou que o setor esportivo movimentou R$ 183,4 bilhões em 2023, equivalente a 1,69% do PIB brasileiro. Segundo o levantamento, a cada R$ 1 investido por meio de recursos públicos, há um retorno de R$ 12 para a economia nacional.

Parte essencial desse ecossistema é o mercado de apostas esportivas, que, após a regulamentação, passou a representar cerca de 1% do PIB nacional. Atualmente, estima-se que o futebol brasileiro movimente R$ 50 bilhões por ano, com crescimento contínuo nas receitas digitais, atraindo investidores, patrocinadores e novos públicos.

Cultura, influência e comportamento econômico

Jovens entre 20 e 30 anos formam o principal público das plataformas de apostas e dos ativos digitais esportivos. Além disso, há um aumento notável no interesse por estratégias de investimento, previsões esportivas e ativos de alto rendimento.

Na atualidade, a influência de youtubers, influenciadores esportivos e criadores de conteúdo de finanças é clara nos torcedores. Esse tipo de conteúdo faz com que as pessoas, principalmente jovens, tenham mais vontade de investir e apostar naquilo que acreditam funcionar economicamente. 

Hoje, a economia esportiva se manifesta em múltiplos canais: retorno sobre investimento (ROI) de patrocínios, engajamento digital, tokenização de ativos, streaming pay-per-view e NFTs esportivos.

O brasileiro e as finanças esportivas

Segundo a Kantar Ibope Media (2025), 73% dos brasileiros que acompanham esportes online também seguem páginas de finanças e apostas esportivas. O público demonstra interesse crescente pelo setor e engajamento contínuo quando o tema envolve dinheiro, paixão e desempenho esportivo.

A maioria dos torcedores já realizou transações financeiras relacionadas ao seu time, seja em apostas, fan tokens ou programas de sócio-torcedor. Apesar do avanço dos patrocinadores e novas fontes de receita, o torcedor permanece o pilar central do lucro dos clubes. 

Com o aumento simultâneo do interesse do brasileiro por investimentos e do envolvimento emocional com o futebol, a tendência é de expansão constante da economia esportiva. Espera-se, também, um torcedor mais consciente da realidade financeira dos clubes e disposto a investir de forma ativa no setor.