Crescente de jovens investidores

Investimentos: tecnologia e educação financeira incentivam geração Z

Especialistas ouvidos pelo BPMoney explicam crescente de jovens investidores no Brasil e analisam quais investimentos mais crescem

Jovem usando smartphone
Foto: Pixabay

Guardar dinheiro no cofre ou embaixo do colchão, de fato, ficou para trás. Hoje em dia, não realizar investimentos em qualquer produto financeiro que seja é lido como perda de tempo e, principalmente, de recursos.

Entre a geração Z, os dados são impressionantes: o número de investidores passou de 26% em 2021 para 34% deste grupo em 2022, segundo pesquisa “Raio X do Investidor Brasileiro”, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Ainda de acordo com a Anbima, todos os tipos de investimentos tiveram aumento em seus índices em 2022 na comparação com 2021, enquanto o desconhecimento de qualquer produto financeiro caiu significativamente – de 72% para 60%.

Para André Colares, a maior democratização do mercado financeiro somada às inovações tecnológicas explicam o crescimento do número de investimentos, principalmente entre os jovens.

“Com a popularização de plataformas de investimento online e o aumento da oferta de informações sobre finanças, pessoas de todo o país estão encontrando caminhos para participar do mercado financeiro, que antes parecia reservado a centros financeiros tradicionais”, pontua Colares.

Volnei Eyng, economista e CEO da Multiplike, chama atenção para a desbancarização e a maior facilidade de jovens com as tecnologias.

“Antigamente, a única maneira de se investir era procurar um banco, ir até lá e investir nos próprios produtos do banco. Além de não ter uma cesta de produtos grande, o acesso era difícil. Hoje, com o aumento dos neobancos, houve uma melhora na experiência do cliente. Essas tecnologias também ‘puxam’ mais o público mais jovem”, destaca Eyng.

Apesar da crescente, no entanto, o Brasil ainda tem muito o que caminhar para tornar-se destaque em relação ao número de investidores. Cristiane Obregon, sócia e líder da Blue3 Investimentos, realça que, comparado aos EUA, por exemplo, onde mais da metade da população faz investimentos, percentual ainda é baixo.

“Hoje em dia, o cliente tem a oportunidade, inclusive, de diversificar os investimentos para fora do Brasil, com uma parcela da carteira dele em moeda forte, que é o dólar”, explica Obregon.

Investimentos que mais crescem

Em meio às modalidades que mais crescem, André Colares destaca as as ações, fundos imobiliários e criptomoedas – todos de renda variável.

“Isso se deve, em grande parte, à busca por maiores retornos em um cenário de juros baixos, bem como a influência da mídia e redes sociais, que destacam essas opções como alternativas lucrativas e acessíveis”, afirma o CEO da Smart House Investments.

Os títulos de renda fixa – como CDBs, LCIs, LCAs e Tesouro Direto – também são apontados por Cristiane como alternativas em crescimento, principalmente os isentos de IR (Imposto de Renda).

Embora as alternativas de investimento sejam inúmeras, brasileiros seguem atados à poupança. É o que diz a pesquisa da Anbima.

Segundo o levantamento, em 2022, 26% afirmaram utilizar a caderneta de poupança para aplicar seus recursos, um percentual que alcança larga vantagem sobre quaisquer outros tipos de investimentos.

Dicas para novos investidores

Para jovens que desejam iniciar no mundo dos investimentos, aprender sobre educação financeira é crucial.

“É fundamental entender os riscos e as características de cada tipo de investimento. Além disso, recomendo começar com investimentos mais simples e com boa liquidez, evitar colocar todos os ovos na mesma cesta – diversificar – e, muito importante, desconfiar de promessas de retorno rápido e muito acima do mercado”, aconselha Colares.

Além disso, Volnei Eyng ressalta a importância de conhecer o próprio perfil de investidor – mais arrojado ou moderado? – para evitar cair em ciladas ao apostar em modalidades que não combinam.