
O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, chegou a Brasília na manhã desta terça-feira (30) para prestar depoimento à Polícia Federal.
O empresário desembarcou em voo comercial por volta das 11h. Depois disso, ele seguiu diretamente para o Supremo Tribunal Federal, onde o carro em que estava entrou pela garagem da Corte.
A PF também ouve, na tarde desta terça, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa. Com ele, também comparecerá o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino. Caso tenha necessidade, as versões poderão confrontar-se posteriormente em uma acareação.
Depoimento de Daniel Vorcaro no STF
Os depoimentos ocorrem presencialmente no STF ou por videoconferência. Além disso, as falas serão acompanhadas por um representante do Ministério Público e por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Dias Toffoli.
Inicialmente, estava prevista uma acareação imediata, mas Toffoli decidiu que a delegada responsável pelo inquérito, Janaína Palazzo, colha primeiro os depoimentos de forma individual.
Daniel Vorcaro e Paulo Henrique Costa são investigados no inquérito. Já Ailton de Aquino não figura como investigado. As oitivas, previstas para começar às 14h, tratam da tentativa de venda do Banco Master ao BRB.
Investigação sobre venda do Banco Master
A apuração conduzida pela PF investiga suspeitas de fraude na negociação. Segundo a polícia, antes mesmo da formalização do negócio, o Banco Master teria forjado e vendido cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado ao BRB.
Desse total, R$ 6,7 bilhões referem-se a contratos considerados falsos, enquanto R$ 5,5 bilhões estariam ligados a prêmios e bônus.
O caso levou à liquidação do Banco Master em 18 de novembro e à prisão de Daniel Vorcaro por 12 dias. Atualmente, o ex-banqueiro responde ao processo em liberdade, sob monitoramento por tornozeleira eletrônica.
Decisão de Toffoli e reação das instituições
A decisão inicial de Toffoli de realizar uma acareação, tomada sem pedido da PF e questionada pela Procuradoria-Geral da República, gerou críticas de juristas e desconfiança no mercado financeiro. O ministro sustentou que já havia versões divergentes nos autos e que os depoimentos poderiam esclarecer inconsistências.
Desde o início de dezembro, todas as diligências relacionadas à investigação passaram a depender de autorização direta de Toffoli. O Banco Central questionou a urgência da acareação e pediu esclarecimentos sobre a condição em que Ailton de Aquino participaria da audiência.
Toffoli afirmou que nem o BC nem o diretor estão sob investigação, mas defendeu a urgência do procedimento por causa da repercussão do caso no sistema financeiro.
“Tendo em vista que o objeto da investigação tange a atuação da autoridade reguladora nacional, sua participação nos depoimentos e acareações entre os investigados é de especial relevância para o esclarecimento dos fatos”, afirmou no despacho.
A PGR, por sua vez, solicitou a suspensão da acareação por tempo indeterminado, argumentando que o procedimento seria prematuro.
Em reação, instituições financeiras divulgaram nota conjunta defendendo o Banco Central e destacando que “a presença de um regulador técnico e independente é um dos pilares para um sistema financeiro sólido e resiliente”.