No HASH11, gestão vê "oceano azul" para ETFs de cripto

Fundo HASH11 é sucesso de público nacional e internacionalmente, mas ainda sofre com a queda dos investimentos em renda variável

Em abril de 2021, uma das maiores gestoras de criptomoedas da América Latina, a Hashdex, lançou o primeiro ETF focado no setor para os investidores da bolsa de valores brasileira. Desde então, o HASH11 foi sucesso de público (mesmo com o desempenho negativo de 63,53% desde então). Em maio de 2022, o fundo passou o BOVA11 (cesta de ações baseada no Ibovespa) e se tornou o segundo do setor com mais captação em todo o mercado. E segundo João Marco, gestor de portfólio da Hashdex, o “oceano” continua azul para o cenário de fundos em cripto.

Com lançamentos já realizados no Chile, Alemanha, França, Holanda e EUA, a gestora tem diversificado seus produtos para atrair cada vez mais investidores, principalmente quando o mercado voltar a subir. 

Além disso, segundo o executivo, o HASH11, que possui 90% do volume alocado em Bitcoin e Ethereum, poderá alterar a composição caso o mercado evolua.

“Se o mercado continuar concentrado em uma, duas ou poucas moedas a gente vai representar ele da mesma forma. O HASH11 não tem 90% de Bitcoin e Ethereum, ele está em 90% de Bitcoin e Ethereum. A ideia é que seja um produto que vai ser resistente ao tempo e que acompanhe bem o movimento do mercado”, disse.

Em conversa com o BP Money, Marco contou um pouco mais sobre a mentalidade de criação da Hashdex, do HASH11, o atual cenário cripto e o que vem por aí para a gestora e seu principal fundo. Confira o papo:

Qual foi o racional para se criar o HASH11?

A ideia do HASH11 não é nada muito inovadora. É a junção de duas ideias: que é você ter algum ETF, ou seja, um fundo diversificado só que para cripto. O que é uma coisa super comum, né? Então tem ETF, os índices em geral, S&P 500 e tantos outros com esse tipo de lógica, mas pegamos isso e transportamos para cripto. 

Foi pegar uma ideia antiga e aplicar com produtos novos. A gente queria essa ideia de você não queria ter uma exposição somente a Bitcoin somente Bitcoin e Ethereum mas um índice  desconstruído seguindo alguns dos padrões da indústria e capitalização de mercado e para indo nos adaptando à evolução desse setor.

Agora, voltando um pouco, qual foi a lógica de criação da Hashdex? 

A Hashdex nasceu em 2018, já com essa ideia de criar ETF de cripto. Mas como a regulação ainda não estava preparada, a gente teve que de certa forma construir o caminho dentro da regulação para isso. Começamos com uma maneira que a gente achou que era mais simples que era criando um fundo que basicamente funcionaria de forma mais próxima possível de um ETF.

Ou seja, com bastante liquidez e de forma relativamente rápida, com metodologia transparente. Criamos então o Hashdex digital assets lá em 2018 e desenvolvemos o fundo que replicava esse índice. Esse foi o primeiro passo, aí depois trouxemos fundos aqui no Brasil que compravam isso. A regulação evoluiu e a gente foi se adaptando, já foi evoluindo. Tínhamos o fundo para comprar direto cripto tanto aqui dentro quanto lá fora.

Isso tudo em pouco mais de dois anos, até chegar o HASH11. não estávamos parados. Muito pelo contrário, estávamos fazendo o que as regulações permitiam e ao mesmo tempo tentando influenciar e achar um caminho regulatório para fazermos o ETF e esse caminho regulatório inclusive no caso foi até essencial para fazermos o primeiro ETF de cripto em Bermudas no final de 2020. Na bolsa de Bermudas, porque Bermudas? Porque eles foram os primeiros a regular. 

Então a gente criou essa estrutura através de Bermudas. O HASH11 e os outros ETFs tem muita influência desses ETFs listados na bolsa de Bermudas. 

94% da composição de vocês está em Bitcoin e ETH. Essa estratégia tem dado certo? E com essa nova atualização do Ethereum?

Para a primeira parte da pergunta, como é que observamos essa estratégia, né? Ela é uma tática para ser perene. Então, como ela é uma ponderação por valor de mercado, se daqui a quinze anos Bitcoin e Ethereum juntos representarem 5% do mercado de cripto, eles vão ter cinco por cento do índice, que vai ter várias outras moedas.

Agora, se o mercado continuar concentrado em uma, duas ou poucas moedas a gente vai representar ele da mesma forma. O HASH11 não tem 90% de Bitcoin, ele está em 90% de Bitcoin. A ideia é que seja um produto que vai ser resistente ao tempo e que acompanhe bem o movimento do mercado.

Agora sobre o The Merge. Desde que foi anunciado ali a data e digamos que esquentou o assunto. Mas o tema nós já vínhamos falando dele aqui a bastante tempo, sobre ETH 2.0 e tudo mais. E digamos que ele esquentou, agora em meados do ano e de lá pra cá você viu o Ethereum ganhar bastante espaço dentro da composição do índice e logo em seguida, com o The Merge, ele perder esse espaço. A gente achou uma questão muito mais técnica de mercado do que a questão de projeto em si

Mas nossa visão é de que o The Merge melhora o Ethereum como projeto, né? Eu acho que as perspectivas são bastante positivas para ETH. 

Quais são os próximos passos para o HASH11 e a Hashdex?

O HASH11 já é o segundo maior ETF em número de cotistas no Brasil. O que é motivo de um orgulho gigantesco pra gente e esperamos que em breve ele consiga cair no gosto de um número ainda maior de investidores no Brasil. 

Ele é uma alocação muito boa principalmente pra quem está entrando no mercado e que ainda não sabe exatamente como funciona, mas entende que é uma classe que tem um futuro promissor pela frente. 

Outro dia me perguntaram, na época que a gente estava com uns 150 mil investidores na HASH11 diretamente através da B3: “pô, você ficou surpreso por ter esse número de investidores no HASH11?” e eu respondi que fico mais surpreso que tem mais de três milhões de CPFs na bolsa e com exposição zero à cripto. 

Acho que assim, é raro você encontrar uma carteira que não faz sentido ter pelo menos alguma coisa ali de cripto. Na empresa, estamos obviamente assim com dois principais setores: criação de novos produtos e aqui no Brasil, novas estratégias. Acabamos de lançar os ETFs temáticos, que chamamos de setoriais de cripto: cultura digital, metaverso e plataformas de smart contracts. 

E também entramos na gestão ativa com dois produtos que temos agora: o Hashdex CryptoSelect com uma gestão discricionária baseada em temas. E também estamos com o Hashdex Top performance que é de implementação de uma estratégia de momento para cripto e está indo superbem até agora. Estamos inovando em produtos aqui no mercado e também a gente está expandindo internacionalmente. Abrimos o produto lá junto com o BTG na Europa, focados na Alemanha, França e Holanda e também aqui no Chile e nos Estados Unidos. 

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