A filha de Luiz Barsi Filho – o maior investidor individual brasileiro – Louise Barsi, 27, segue os passos de seu pai quando o assunto é investimentos. A ideia de investimento a longo prazo é um princípio que ela segue à risca, mas por ser filha de um bilionário, e ser vista como herdeira por muitos, Louise destaca que o seu maior desafio é conseguir ter o trabalho reconhecido para não cair na máxima de que “o pai constrói, o filho usufrui e o neto destrói”.
Em entrevista ao BP Money, Louise afirmou que o seu objetivo geral de vida sempre foi estudar e trabalhar para conseguir multiplicar o trabalho e o legado de seu pai.
“O objetivo principal, principalmente pro herdeiro, é complicado, porque você acaba nascendo com o carimbo nas costas – o carimbo de herdeiro – e todos os meus objetivos foram sempre para não cair naquela máxima de que o pai constrói, o filho usufrui e o neto destrói”, afirmou Louise.
Louise complementou dizendo que para fazer os 50 anos de investimentos de Barsi Filho terem ainda mais peso, ela se dedica a gestão do patrimônio familiar, a representação em empresas de capital aberto – via Conselho de Administração – e também realiza trabalhos voltados à educação financeira.
Opinião de Louise Barsi sobre possível quebra de varejistas
“O que foi constante no passado é provável no futuro”. Assim definiu Louise sua ideia sobre a possibilidade de quebra de varejistas como a Magazine Luiza (MGLU3) no futuro. Recentemente, Barsi Filho (pai de Louise) afirmou em um podcast que “Magazine Luiza um dia irá quebrar”.
“As empresas de varejo, pelo menos umas 40, quebraram e as próximas quebrarão. Magazine Luiza um dia vai quebrar, não sei quando, mas vai quebrar. Não sou profeta, estou falando em termos de histórico”, disse Luiz Barsi Filho.
Assim como grande parte dos outros raciocínios de Barsi sobre o mercado, Louise também compartilha a mesma ideia que seu pai sobre varejistas.
“Isso [possibilidade de falência] pode acontecer com qualquer empresa de varejo. Diversas empresas de varejo, se você olhar para trás, ficaram pelo caminho, porque não só varejistas mas alguns outros setores são cíclicos, principalmente aviação, turismo, são setores que estão expostos a variáveis externas que os gestores não têm como controlar”, disse Louise.
A sócia dor AGF (Ações Garantem Futuo) afirmou que até mesmo o melhor dos gestores não consegue antever o que vai acontecer no setor de varejo, o que dificulta a precaução nos investimentos.
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“Varejo é um setor que os gestores precisam estar muito em cima. As margens são muito apertadas. Está muito suscetível ao PIB, câmbio, juros, tudo que é macroeconômico afeta de uma maneira mais generalizada esse setor. Não é impossível quebrar, mas obviamente ele não disse como se fosse acontecer amanhã, mas pode acontecer um dia”, concluiu Louise.
Criptomoedas não entram na carteira de Louise
Luiz Barsi, recentemente, disse em uma entrevista que “criptomoeda é uma fantasia”. Louise destaca que, apesar de acreditar na tecnologia por trás das criptos, esse tipo de investimento não entra em sua carteira, pelo menos por enquanto.
“A minha opinião sobre criptomoedas é conhecida. Eu opino sobre o que eu tenho na minha carteira. Eu conheço de cripto o necessário para dizer que não entra na minha carteira por enquanto, posso mudar de ideia no futuro, caso as minhas empresas optem por me pagar em cripto, por exemplo, mas é um caminho sem volta, sem dúvida, principalmente em termos de tecnologia”, disse Louise.
“Como qualquer outra moeda, não tenho opinião nem favorável ou desfavorável, acho que é um caminho sem volta, mas por enquanto a gente só investe no que dá fluxo de caixa, que dê lucro, portanto que gere dividendos”, complementou a analista CNPI.
O interesse de Louise Barsi por investimentos
O ditado “filho de peixe, peixinho é” se encaixa perfeitamente na vida profissional de Louise Barsi. A filha do maior investidor brasileiro começou a demonstrar interesse pelo mercado financeiro logo cedo, ainda na adolescência.
“Sempre me interessei por investimentos, porque o ambiente em casa era propício para isso. Meus pais trabalhavam em corretoras. Meu pai tem carreira no mercado financeiro, minha mãe também. O incentivo final mesmo foi na adolescência com 14 anos. Meu pai fez uma carteira previdenciária pra mim, com ações da Ultrapar, que me pagavam o equivalente a R$ 300 por mês e esses R$ 300 eram a minha mesada”, explicou Barsi.
Louise destaca que essa forma de receber a “mesada” foi importante para que ela se interessasse profissionalmente pelo assunto.
“O negócio [AGF, plataforma de educação financeira de Louise] acabou surgindo como consequência. Eu já tinha essa vontade de ir pra internet e falar sobre investimentos, mas faltava coragem e incentivo. Eu estava empenhada em outros projetos e com o Fabio Baroni e Felipe Ruiz eu me senti segura para montar um curso na época. A gente percebeu que havia um interesse das pessoas em aprender o que o Barsi fazia. Criamos um treinamento, que foi um sucesso absoluto, se desdobrou em outros cursos e hoje estamos aí para mostrar que bolsa é para todo mundo”, disse Louise.
Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Ciências Contábeis pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, Louise também tem pós-graduação em Mercado de Capitais, com pós-MBA na Saint Paul Escola de Negócios no Advanced Boardroom Program for Women.
Atualmente, Louise Barsi é membro suplente no Conselho de Administração da Unipar Carbocloro S.A., Conselheira de Administração na Eternit S.A, Conselheira Fiscal do Banco Santander, Conselheira Fiscal da Klabin S.A e Conselheira Fiscal na AES Tietê S.A, além de ser analista de investimentos CNPI independente. Teve passagem pelo Conselho Fiscal da AES Tietê, Enel e Unipar Carbocloro.