A Petrobras (PETR3;PETR4) divulga seu relatório de desempenho financeiro referente ao quarto trimestre de 2022 no dia 1º de março. A expectativa é de mais um resultado sólido da petroleira, podendo até chegar a um novo recorde, segundo especialistas consultados pelo BP Money. Mesmo assim, a maior espera do mercado é em relação aos dividendos que a companhia pagará.
Para Tales Barros, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero, a cada divulgação de balanço da Petrobras, a expectativa por parte dos investidores é voltada majoritariamente ao potencial de pagamento de dividendos da empresa, que passou a ser questionado com a chegada do governo Lula.
“Nesse novo governo e com o novo CEO, a Petrobras já mostra fortes inclinações a redução de pagamentos de dividendos. O fato de já ter pagado o suficiente para cumprir sua política de pagamento atual (60% do fluxo de caixa menos capex) com base nos resultados de 2022 também pode reduzir a disposição da administração de pagar mais”, explicou Barros.
De acordo com Rodrigo Glatt, cofundador da GTI, o mercado não espera nada de novo em relação aos resultados da Petrobras.
“Teremos a mesma coisa que a gente viu nesses últimos trimestres, com um pouco de crescimento de produção ainda e mais crescimento no pré-sal. Acho que o resultado não será ‘um evento’. Já, realmente, é esperado que será bom de novo. Vai ser, possivelmente, até resultado recorde. Mas acho que isso não é o que o mercado está olhando. O mercado está olhando o que o PT vai realmente implementar como mudanças na companhia”, disse Glatt.
No terceiro trimestre de 2022, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 46,096 bilhões, um avanço de 48% em relação aos R$ 31,142 bilhões registrados no mesmo período de 2021.
Em relatório divulgado no início deste mês, a XP havia antecipado que a atenção no dia 1º de março estaria voltada aos dividendos da petroleira. O relatório de Produção e Vendas do quarto trimestre de 2022 da Petrobras foi em linha com as estimativas da maior corretora do Brasil.
“A produção de petróleo do Brasil ficou estável no trimestre, e a participação do pré-sal na produção total aumentou para 78%”, informou a XP.
Em relação aos resultados financeiros, a XP destacou que espera por mais um trimestre sólido de geração de caixa e projeta um Ebitda de US$ 16,4 bilhões e dividendos de aproximadamente US$ 4,5 bilhões (7% yield, 27% anualizado).
“Durante a teleconferência do 4T22, todos os olhares estarão voltados para o novo CEO, Sr. Jean Paul Prates, e as mensagens que ele transmitirá aos investidores. Nas últimas semanas, o saldo dos riscos políticos parece estar crescendo contra os acionistas minoritários. No momento, mantemos nossa recomendação de compra baseado em valuation descontado, mas reconhecemos que este é um investimento de alto risco”, afirmaram os analistas da XP em relatório divulgado neste mês.
Barros, da Acqua Vero, destacou que para além dos dividendos e das questões envolvendo a atual governança, a atenção dos investidores também deverá ser direcionada à política de preços da petroleira.
Desde 2016, a Petrobras segue a política de Preços de Paridade de Importação (PPI), que atrela o preço do petróleo nas refinarias ao sobe e desce da commodity no mercado internacional.
Apesar da reoneração de combustíveis que foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a Petrobras anunciou, nesta terça-feira (28), uma redução de 3,93% no preço médio da gasolina vendida para as distribuidoras e de 1,95% no preço do diesel. O plano sobre a política de preços deve ser um embate para os próximos meses, na petroleira.
Resultados robustos devem seguir na petroleira
No ano passado, a Petrobras bateu recordes com resultados fortes e sequenciais. No segundo trimestre, por exemplo, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 54,3 bilhões, superando o recorde anterior de R$ 44,6 bilhões.
“A Petrobras está com uma geração de caixa ainda muito robusta, tanto é que ela pagou até aquele dividendo, que apesar do PT ter questionado se ia pagar ou não, acabou passando. Eu acho que o mercado já espera que ela vai reduzir o dividendo pro dividendo mínimo, que é os 25% e isso daí acho que já está na conta e acho que vai ficar mais ainda nessa questão aí da reoneração dos combustíveis, de como eles vão fazer isso daí”, disse Glatt.
Na teleconferência de resultados da Petrobras, que ocorrerá na quinta-feira (2), o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, deverá tratar sobre a política de dividendos da companhia – que talvez seja o tema que mais gera temor nos acionistas – junto às possíveis mudanças na governança corporativa e a precificação de combustíveis.
Os riscos políticos relacionados aos papéis da Petrobras foram responsáveis pela oscilação dos ativos, nas últimas semanas, que mesmo com o cenário instável sobem mais de 12% no acumulado do ano.