Em entrevista exclusiva à BP Money, os arquitetos Felipe Augusto e Bruna Barreto, sócios da FB Advisors, contaram como enxergam o futuro da vida urbana em São Paulo, como manter o nível da sua empresa elevado, explicam como a tecnologia impulsiona o setor e muito mais.
Confira a entrevista na íntegra:
Anteriormente se via um crescimento de pequenas moradias construídas mais perto do trabalho, porém com a pandemia mais pessoas passaram a buscar residências maiores para se sentirem mais confortáveis. Como vocês enxergam o futuro disso?
Felipe: eu acredito que mesmo com esse movimento de procurarem residências maiores e mais confortáveis, até mais longe da cidade em alguns casos, em algum momento as pessoas vão realmente sentir falta da praticidade de ter um lugar em São Paulo, nem que seja pequeno. Inevitavelmente, essa parte não tem como morrer. A sociedade querendo ou não vai acabar voltando com os costumes iniciais, pois uma locomoção longa, demorada e distante todos os dias, o tempo todo, é bem difícil.
No fim, a probabilidade é que os cidadãos sucumbam aos apartamentos menores e residências mais próximas do trabalho dentro da cidade.
A gente costuma brincar que a sociedade é um casamento, como fazer essa união dar certo? Como vocês definem o espaço e responsabilidades de cada um?
Felipe: falar de uma sociedade entre eu e a Bruna é muito fácil, porque as nossas posições e as nossas responsabilidades são muito diferentes, então cada um fica no seu espaço, apesar de também termos nossos momentos juntos. Como tudo é muito dividido e organizado, eu com a parte de projetos de decoração e a Bruna com a parte de obras, é super tranquilo, a gente consegue se organizar muito bem.
Bruna: acredito também que eu e o Felipe não somos muito parâmetro para isso, já que temos um negócio muito diferente do que os outros possuem. Foi algo muito natural, a gente não se encontrou em um dia do nada e resolveu tudo. A relação sempre foi genuína, então desde o começo é tudo bastante separado. Isso se estende até com relação a valores. Quando é alguma coisa que vai exigir mais dele [Felipe], a gente já deixa planejado antes de começar o projeto o quanto vai cobrar do cliente e quanto vai para ele e para mim. Nosso sistema é muito bem definido.
Quando falamos em obra, pensamos sempre em muito trabalho e um custo que nunca é previsto. Como vocês melhoram essas entregas para o cliente, trazendo mais previsibilidade de custos e menos demanda de tempo do mesmo?
Felipe: falando de obra, eu acredito que o segredo para garantir alguma previsibilidade é ter fornecedores muito parceiros que entendem a nossa maneira de trabalhar, nossa forma de projetar, executar e enfim, conhecer com quem estamos trabalhando, como são realizadas as entregas, tudo isso conta.
Além disso, é importante se planejar muito e se organizar com um cronograma para fazer dar certo, mas claro que é inevitável acontecer uma surpresa ou surgir um problema, isso é normal! Por isso, é fundamental que o cliente esteja ciente disso e tenha uma reserva prevista para esse tipo de situação.
O mercado de arquitetura e construção é extremamente competitivo. Vocês acreditam que podem se diferenciar dentro do mesmo?
Felipe: eu acho que posso responder melhor que a Bruna em relação a projeto de arquitetura, a questão estética e de decoração, pois sou o responsável por isso dentro do escritório. Sempre fui muito determinado a fazer o que não está todo mundo fazendo, então me incomoda muito a palavra ‘tendência’ e quando falam “ah, estão usando muito tal coisa’, eu acho isso um horror, não gosto de trabalhar dessa maneira.
Claro que eventualmente o cliente pede algo muito específico que ele deseja e nós adaptamos para o projeto, mas eu sou sempre a favor da temporalidade e da originalidade. Eu acho que o mesmo sol nasce para todos e depende de cada um fazer um trabalho criativo e no fim ser original e não copiar tanto, não querer fazer o mesmo que está no mercado. Tenho certeza que isso é um diferencial tremendo.
A sustentabilidade é uma tendência em tudo, como pensar nisso dentro do setor de vocês? E também, como colocar a prática em ação trazendo projetos e obras mais sustentáveis?
Felipe: sustentabilidade é uma questão muito em vigor atualmente, e não só os arquitetos como os fornecedores e as empresas também têm focado nesse ponto, visando menor emissão de poluentes, entre outras coisas. No entanto, acredito que se a obra for bem planejada, bem orçada, já é um grande começo, porque você tem um descarte menor de resíduos, de entulho, de sobra de materiais, então isso já ajuda demais. E claro, em relação ao mercado, nós também dependemos de uma adaptação desses fornecedores a materiais mais sustentáveis, e eu acho que isso inclusive entra no meio da mão de obra.
O mercado de vocês ainda é extremamente analógico mas, em contrapartida, temos acompanhado um mundo cada vez mais tecnológico. A tecnologia pode agregar o serviço? Se sim, de qual maneira?
Felipe: a tecnologia no nosso mercado agrega e muito aos nossos serviços. Hoje em dia tudo é mais fácil e mais rápido graças à tecnologia e os avanços que ela nos proporciona, desde um projeto, um detalhamento, até uma técnica construtiva. Enfim, creio que se soubermos usar a tecnologia corretamente a nosso favor ela só tem a agregar e a valorizar o nosso trabalho.
A FB Advisors atua apenas em São Paulo ou já está em outros estados? Existe o interesse de expandir?
Felipe: nós atuamos bastante aqui em São Paulo, cem por cento, mas eventualmente existe a proposta de projetos em outros lugares, em outros estados, amigos que acabam fazendo trabalhos com a gente aqui e depois compram um apartamento ou uma casa no exterior, às vezes até em Miami, é uma possibilidade. Acho que o interesse em expandir com certeza existe, porém ainda quero consolidar mais a marca e a nossa estrutura aqui em São Paulo para poder evoluir de uma maneira mais saudável.
Como enxergam o futuro da marca em 5 anos?
Felipe: em cinco anos eu espero que a nossa frente de obras, de construção e a parte mais civil cresça muito, assim como ter uma equipe capaz de fazer execuções maiores e mais importantes. Quem sabe com escritório maior, com mais pessoas no time, enfim sempre crescendo. Mas o que eu realmente quero é que em cinco anos eu olhe para trás e veja que eu conquistei mais do que isso que eu estou dizendo agora.