SPX Capital vê cenário favorável para private equity

Edson Peli, um dos sócios responsáveis do setor na SPX Capital, apontou o atual cenário como "muito favorável"

Fundada há 12 anos, a gestora SPX Capital é bastante conhecida no mercado de ações, multimercados ou renda fixa, com quase R$ 80 bilhões sob administração. No entanto, a gestora vem atuando em uma área menos conhecida pela casa, mas muito promissora: private equity. 

Em entrevista ao BP Money, Edson Peli, um dos sócios responsáveis do setor na gestora, apontou o atual cenário como “muito favorável” para o investimento, sendo bem parecido com 2015 e 2016, quando o Brasil enfrentava grave crise econômica. 

“Vemos o cenário atual parecido com aqueles anos de 15/16, e é um cenário em que a gente acredita que grandes investimentos em private equity serão feitos. Nos últimos 12 meses já houve uma correção nos valuations muito grande, o mercado de ações está fechado, o custo da dívida está muito caro, então isso aumenta muito o fluxo de oportunidades para private equity e a qualidade das empresas que chegam para a gente investir. É um cenário bastante favorável. O private equity acaba sendo contracíclico nesse sentido”, afirmou Peli.

Relativamente novo na SPX, o setor de private equity ganhou um reforço e tanto após a gestora fechar uma parceria com a Carlyle, gigante global de investimentos em empresas fechadas.

“O Carlyle tem um cheque mínimo US$ 200 milhões, ou seja, ao câmbio de hoje, esse valor chega a mais de R$ 1 bilhão, o que inviabiliza um negócio recorrente de private equity para o Carlyle aqui no Brasil. Fizemos essa parceria, então a SPX terá muito mais flexibilidade e agilidade, com um cheque mínimo bem menor, que será de R$ 200 milhões”, destacou o sócio responsável pelo private equity da SPX. 

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Confira a entrevista na íntegra:

A SPX Capital trata de um núcleo relativamente novo que é o private equity, no qual vocês são os sócios responsáveis por essa área. Gostaria que vocês falassem um pouco sobre esse setor e como o mesmo funciona. 
O private equity consiste em fazer investimento em ações em empresas fechadas, que não estão listadas na Bolsa de Valores ainda. Investimos em empresas fechadas três a cinco anos antes delas entrarem na bolsa.

Nossa estratégia é de último estágio do private equity, então irá pegar empresas grandes, maduras e com negócios comprovados, que gerem caixa. A grande diferença do private equity também é que, além do capital que injeta nas empresas, atua também junto aos executivos das companhias, ou tendo o controle das empresas ou sendo investidores minoritários para tentar acelerar o crescimento delas.

Levar essas companhias para um próximo nível de gestão, fazer fusões e aquisições, tudo isso para chegarem ainda melhores e maiores no momento de abertura de capital. 
 
A SPX fechou uma parceria com a Carlyle e assumiu a operação da multinacional americana no Brasil. Qual a importância desse acordo e do papel da SPX nessa parceria?
Eu e meu sócio, Fernando Borges, estivemos no Carlyle desde 2008, quando abrimos as operações aqui no Brasil e construímos toda essa trajetória de sucesso. Porém, o Carlyle ficou muito grande de 2008 a 2021 e o Brasil em dólar acabou ficando pequeno.

O Carlyle tem um cheque mínimo US$ 200 milhões, ou seja, ao câmbio de hoje, esse valor chega a mais de R$ 1 bilhão, o que inviabiliza um negócio recorrente de private equity para o Carlyle aqui no Brasil.

Fizemos essa parceria, então a SPX terá muito mais flexibilidade e agilidade, com um cheque mínimo bem menor, que será de R$ 200 milhões. Nesses últimos anos vimos excelentes oportunidades passando por nós, pois o cheque mínimo era muito alto. Enxergamos muitas oportunidades entre R$ 200 milhões e R$ 1 bilhão, que vamos aproveitar pela SPX.

Quando uma grande transação surgir, acima de R$ 1 bilhão, trazemos o Carlyle para mesa para investir lado a lado com a SPX. Essa parceria irá nos colocar à frente de empresas muito grandes. 
 
Qual a sua avaliação em relação ao cenário atual para o private equity?
A gente acredita que o cenário é muito favorável para investimento em private equity. Olhando nos nossos 14 anos de Carlyle, os melhores anos para investir foram 2015 e 2016, onde se tinha um macro difícil, CDI a duplo dígito, inflação a duplo dígito, o real muito desvalorizado, então eram condições macro desfavoráveis, a princípio, mas que para o investimento em private equity foi muito bom. Nesse período fizemos nossos melhores investimentos. 
 
Vemos o cenário atual parecido com aqueles anos de 15/16, e é um cenário em que a gente acredita que grandes investimentos em private equity serão feitos. Nos últimos 12 meses já houve uma correção nos valuations muito grande, o mercado de ações está fechado, o custo da dívida está muito caro, então isso aumenta muito o fluxo de oportunidades para private equity e a qualidade das empresas que chegam para a gente investir. É um cenário bastante favorável. O private equity acaba sendo contracíclico nesse sentido. 
 
Com um cenário bastante parecido, o que vocês tiram de aprendizado daquele momento para poder aplicar atualmente?    
Temos muito mais confiança em colocar o capital para trabalhar neste momento, justamente porque 2015/16 foi a maior crise econômica da história do Brasil e muita gente se questionava, naquele momento, até onde aquela crise poderia levar o Brasil. A conclusão daquele período é que o Brasil, apesar da volatilidade, é uma economia muito resiliente, tem instituições fortes.

Nossa segunda conclusão é que as grandes empresas tendem a se beneficiar desses momentos de crise por serem mais capitalizadas, terem sócios com capital como nós, então conseguem ganhar mercado organicamente, ou através de aquisições. Se beneficiam nesses momentos de crise para investir em excelente oportunidades de expansão e crescimento, e saírem mais fortes no pós-crise. Temos bastante conforto em implementar novamente a nossa estratégia.         
 
Esse mercado está se expandindo em meio a um cenário de muitas oportunidades de longo prazo. Para onde os investidores devem olhar a fim de potencializar os retornos das carteiras? 
O investimento em private equity em empresas grandes vai muito de encontro com o momento atual. A nossa visão é o momento ideal para se investir numa empresa grande, que vai aproveitar esse momento de volatilidade macroeconômica e política, justamente para ganhar mercado e fazer aquisições.

Tendo um horizonte a longo prazo, é justamente aí que a empresa consegue, através da nossa injeção de capital, capturar essas oportunidades, fazer aquisições e crescer. É o tempo da companhia melhorar e todo esse valor se materializar em três a cinco anos. 

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