*Por Leo Horta
Como será o mercado brasileiro de negócios em 2023? Certamente essa pergunta gera muita expectativa para empresários, investidores, acionistas e gestores espalhados nos mais diversos setores.
Independente da direção, é importante salientar que o novo momento dos negócios no Brasil será repleto de desafios para tomadores de decisão, mas também com muitas oportunidades e transformações para empresas que se planejarem previamente com estratégias e ações.
Já estamos na reta final de 2022 e fazendo um retrospecto de todo cenário, as empresas tiveram um ano provocador frente aos efeitos pós-pandemia global, impactos econômicos, Guerra da Rússia e Ucrânia, crises e tensões entre países, alta inflação, Eleições e Copa do Mundo, bem como um desenvolvimento cada vez mais rápido de tecnologias.
Mesmo com esse percurso, o Brasil teve mais de dois milhões de novas empresas abertas no primeiro semestre de 2022, segundo levantamento da Contabilizei a partir de dados da Receita Federal.
Apesar das incertezas para o mercado no próximo ano, as empresas devem ter como direcionamento acompanhar as mudanças de forma ágil, e este será um grande desafio no ambiente de negócios no Brasil. Temos hoje movimentos constantes e incertos na economia e nas empresas, uma intensa transformação digital acelerada pela pandemia, novas formas de interação entre companhias e seus stakeholders, um olhar mais atento para soluções sustentáveis e inovadoras como o ESG, implementações de tecnologias com destaque ao 5G e a realidade do metaverso, entre outros.
Outra perspectiva é que os juros elevados e o mercado de capital robusto, podem impulsionar e estimular o mercado de M&A, e acionistas e empresários estratégicos devem continuar investindo em transações promissoras.
Para ter êxito nessas movimentações, as companhias precisam definir uma boa estratégia, avaliar a real geração de valor e capacidade de sinergia operacional dos negócios por meio de um profundo diagnóstico estratégico operacional.
E como deve perpetuar o cenário de M&A, ESG e IPO nos negócios?
M&A: De 2017 a 2021, as Fusões e Aquisições cresceram 122%, passando de 856 para 1.901 operações. Em 2021, as movimentações bateram um recorde expressivo no Brasil, nunca visto antes. Os pontos que fortaleceram essas transações no mercado foram a alta da Selic, em paralelo, as taxas de juros baixas e câmbio desvalorizado comparado ao dólar.
Muito desse cenário aquecido de fusões e aquisições se deve aos bons indicadores de capital para operações estratégicas dos empresários e acionistas, e um mercado econômico mais maduro para M&A com empresas buscando novos caminhos de forma rápida perante as inovações e estimulando a cadeia de valor do negócio.
Com o efeito da pandemia e o cenário geopolítico global as empresas se sentiram na necessidade de garantir sua cadeia de suprimentos, estável e contínua. Diante do cenário, estas passaram a verticalizar ou garantir o acesso (independente do preço) as fontes de energia, alimentos e matérias primas como minério e outros, buscando novos fornecedores para não depender de forma tão relevante da China, Rússia, entre outros países. Inclusive, foram com esses itens que houve muita oscilação da inflação após pandemia e durante a atual guerra. Aquisição de empresas por players Europeus e Americanos nessa busca pode ser uma oportunidade para o mercado brasileiro.
Para 2023, a perspectiva é positiva para grandes movimentações de M&A, em caso de baixas econômicas.
IPO: Em 2021, a Bolsa de Valores (B3) registrou o maior número de ofertas públicas desde 2007, mas das 45 companhias, 34 empresas com o valor das ações abaixo da oferta inicial, apontam os dados feito pela analista Einar Rivero, da TradeMap. Já neste ano, não houve IPOs registrados, o mercado brasileiro de IPOs parou e dezenas de empresas cancelaram ou adiaram seus planos. Isso demonstra a importância das empresas se preparem pra o crescimento proposto, desenvolvendo capacidade efetiva para enfrentar novos desafios fora do cenário base proposto. Evitando assim, grandes dificuldades e perdas após um recente IPO por conta de mudanças repentinas de mercado.
Ao contrário do que muitos pensam, o IPO não é a solução para os problemas da empresa, mas sim, ajuda a acelerar o crescimento da companhia e aumentar suas chances de sucesso na abertura de capital. Para o próximo ano, as empresas serão mais cautelosas em relação a essa tomada de decisão. Ao mesmo tempo, abre-se uma boa janela para investir e focar na melhoria de performance e implementação do que tem planejado para o médio prazo do negócio.
ESG: O ESG vem sendo pauta recorrente de discussões no mercado por diversas empresas nos últimos anos, muitos negócios simplesmente querendo ocupar o lugar de destaque que o assunto passou a alcançar, já outros realmente preocupados em buscar um olhar legitimo para o assunto.
Em 2023 é importante as empresas se atentarem e transformarem a pauta ESG como algo de extrema importância para o valor agregado da companhia, assim como é para o mundo. Desta forma, pensando sempre no todo, como esse processo afetará o mercado, pessoas e consequentemente a empresa, investindo em modelos de negócio sustentáveis de forma verdadeira e que impactarão nos indicadores de capital a longo prazo, trazendo ganhos não só para sociedade, mas também para corporação.
Essa atitude protagonista dos empresários e seus executivos levam as empresas a um patamar diferenciado de negócio e mais alinhado ao propósito das companhias. A real inclusão de uma política prática e viável de ESG leva investidores, clientes, colaboradores, comunidade e parceiros de negócios a verem os diferenciais da empresa em relação ao seu potencial tanto de crescimento, quanto de valor. É assim que o ESG implantado, verdadeiramente, gera valor para todos.
*Leo Horta, sócio-fundador da Maitreya, consultoria em gestão e transformação empresarial brasileira