Bruno dos Anjos
Nascidas nos anos 60 com o objetivo de viabilizar a comunicação entre os grandes computadores mainframes, as APIs, sigla para “Application Programming Interface” ou “Interface para Programação de Aplicações”, em tradução livre, ganharam mais popularidade na década seguinte, com a disseminação do uso de interfaces para a comunicação entre sistemas.
Contudo, foi apenas com a explosão da internet, no início dos anos 2000 – cenário no qual as empresas tiveram que se adaptar e evoluir suas operações para modelos de negócio digitais – que houve um crescimento exponencial do número de APIs criadas dentro das empresas. Assim, mediante o crescimento em escala do número de APIs criadas, começaram a surgir as soluções conhecidas como API Managers.
Diante de uma competição cada vez mais acirrada, as empresas precisam inovar continuamente para se manterem relevantes. Nesse contexto, a nova geração de API Managers deve ser capaz de lidar com os desafios inerentes ao cenário atual e oferecer soluções mais eficientes e adaptáveis, de forma que consigam responder às demandas que exigem uma resposta em ciclos cada vez mais curtos.
Compreender a importância das soluções para gerenciamento das APIs e o quanto elas são fundamentais, reduz o risco de enfrentar problemas de crescimento desordenado e aumento de custos, o que prejudica o negócio.
Complexidade, Vendor Lock-In (aprisionamento tecnológico), arquitetura não-flexível e eficiência limitada são algumas das dificuldades que as empresas podem enfrentar caso não se atualizem em relação às tecnologias de API Management. Primeiro porque esses softwares geralmente exigem habilidades especializadas para sua operação, e isso pode dificultar o gerenciamento e compreensão das APIs por analistas de negócio, afetando o tempo de mercado e potencialmente aumentando o TCO (custo total de propriedade).
Outra questão seria a arquitetura das soluções atuais, que por conta de terem sido escritas na sua grande maioria há mais de uma década, podem não ser adequadas para ambientes distribuídos em diferentes provedores de nuvem, nem para arquiteturas híbridas modernas, impactando igualmente a inovação.
Por fim, algumas soluções utilizam tecnologias que não são otimizadas para a eficiência operacional. Isso resulta em consumo de recursos computacionais não otimizado, maior custo de operação pela falta de flexibilidade em automações e preços elevados devido à comercialização em dólar e taxas de importação aplicáveis.
Por outro lado, para as companhias que decidirem evitar essas problemáticas e se atualizar em relação a esses programas, é importante que estejam atentas às soluções que forneçam menor TCO, ou seja, menor consumo de infraestrutura por meio de uma arquitetura com tecnologias modernas, menor custo de operação por meio de automações de governança e, para o cenário brasileiro, tarifas em moeda local.
Nesse sentido, as características da nova geração de API Managers que estarão presentes em tecnologias recentes e futuras incluem permitir que as empresas acelerem a geração de receita. A partir da rápida construção de APIs em uma interface simples e intuitiva que possibilita o uso e a fácil compreensão por um público técnico e não-técnico, além de garantir a velocidade na construção de integrações entre sistemas por meio de conectores inteligentes configurados via interfaces low e no-code.
Outro tópico que também deve ser notado é a maior flexibilidade. As empresas devem ficar atentas se a solução entrega a possibilidade de uma instalação flexível, On Premise, multi-cloud ou híbrida, e se está pronta para lidar com arquiteturas modernas. A criação de um repositório único e padronizado para as APIs Specs seguindo padrões de mercado (OpenAPI) também é relevante, assim como o gerenciamento de diferentes API Gateways, sendo necessária a liberdade para migrar as APIs para outra solução a qualquer momento, evitando o já citado Vendor Lock-In.
Diante disso, as ações estratégicas como deploy, aprovações, versionamento, entre outras, desempenhadas via interface gráfica, devem também ser passíveis de acionar via API ou CLI para permitir a automação via esteira CI/CD, por exemplo, conforme as diretrizes de cada empresa. Isso traz enorme flexibilidade e coloca o poder nas mãos da companhia para decidir a melhor forma de governar e gerenciar o ciclo de vida das APIs.
É possível observar que o cenário está em expansão e crescente atualização. De acordo com a análise mais recente do Market Research Future, o mercado global de API em nuvem está prestes a ter uma receita de mais de 3,71 bilhões de dólares americanos até o ano de 2030. Espera-se que o segmento global de API em nuvem registre um CAGR de mais de 23,2% até o mesmo ano. Nesse contexto, é extremamente importante enxergar as APIs como ativos estratégicos para o processo de transformação digital e acompanhar as movimentações.
Em um mundo em constante transformação, é crucial avançar e modernizar ininterruptamente para crescer de forma ordenada e equilibrada, sem criar mais complexidade e custos desnecessários. Empresas que não priorizam a governança e o gerenciamento eficiente das APIs correm o risco de enfrentar graves problemas de crescimento e aumento de custos, prejudicando o negócio. No final, é sempre sobre análise e escolhas que resultam no equilíbrio na relação do custo com o benefício.
*Bruno dos Anjos é Consultor Estratégico de API da Engineering Brasil. Formado em Ciência da Computação, o consultor já passou pela IBM e há seis anos atua à frente de soluções de API na multinacional de Tecnologia da Informação e Transformação Digital.