Nesta série de textos, a respeito da Demanda Agregada, poderíamos explicar os elementos por ordem dos fatores da equação, mas, no momento em que estamos, falar sobre o fluxo comercial conversa com todos os temas que temos abordado sobre o câmbio. O objetivo aqui é explicar de que maneira o resultado de (x-m) influencia na dinâmica monetária e de crescimento da renda.
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Revisando a equação, temos que o saldo entre exportações (x) subtraindo-se às importações (m) gera um estímulo ao crescimento econômico, assim como o fator C, como vimos no último texto (ler aqui). A contabilidade nacional abrange os valores nominais dessa relação, nas contas de “Saldo da Balança Comercial”, além de tratar do fluxo de capital estrangeiro em outros termos nas contas de “Saldo em Conta Corrente”. Porém, os elementos da equação fazem referência ao primeiro.
Por anos, a métrica de balança comercial superavitária foi indicador de riqueza, principalmente no período pré- capitalismo industrial. Hoje, já sabendo da importância do consumo das famílias, um superávit comercial não gera tantos ganhos de renda quanto os outros fatores de estímulo, mas representa um bom indicador da atividade agro-exportadora no nosso país.
Fonte: Secex
Dentro da dinâmica cambial, há uma grande importância do fluxo comercial. Um câmbio mais depreciado pode melhorar o fluxo de exportações e garantir um câmbio nominal de equilíbrio industrial, onde a entrada de dólares é compensada pela demanda interna e o câmbio se mantém em nível de equilíbrio com o arranjo das firmas exportadoras e, assim, garante um saldo positivo.
Porém, a abrupta depreciação cambial pode estar ligada a volatilidade e, como esse indicador dificulta o cumprimento de contratos e a estabilidade comercial, o fluxo pode não compensar a depreciação e importar um processo de pass-through inflacionário.
Em resumo, o Saldo da Balança Comercial acresce ao estímulo da demanda agregada, por estimular a atividade exportadora. Podemos dizer que seguir uma meta de câmbio industrializante pode atrapalhar o mercado interno no futuro, caso não haja compensação nos termos de troca e a inflação seja importada via depreciação. Há um grande debate entre economistas brasileiros a respeito de políticas de proteção e desvalorização cambial para tornar as nossas empresas exportadoras competitivas.
Como o objetivo aqui é explicar os elementos, vou deixar encomendado um texto a respeitos dos temas que cercam a política industrial para colunas posteriores, mas deixemos essas relações em mente: câmbio desvalorizado estimula as exportações, mas pode gerar inflação posterior, caso não haja a compensação dos termos de troca e valorização real do mercado exportador nacional