Entenda como a volta dos impostos para carros elétricos e híbridos impacta a economia nacional

Foto: unsplash
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Desde o mês de janeiro, a retomada da cobrança de impostos de importação para carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in no Brasil reacendeu o debate sobre a conexão entre o comércio exterior e a sustentabilidade. A medida tem o potencial para impactar uma série de áreas da economia brasileira, que devem ditar como as questões ambientais irão compor eventuais ações comerciais importantes do país nos próximos anos. 

Tomada pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) em novembro de 2023, a decisão do governo visa aprimorar a cadeia automotiva junto da descarbonização da frota nacional. A ideia é que esses efeitos alavanquem o projeto de neoindustrialização do país, no qual as bases são a inovação, a implementação de práticas sustentáveis e o fortalecimento do mercado interno.

Vale destacar que a retomada das cobranças será gradual e específica para as categorias automotivas em questão, com alíquotas que aumentam semestralmente até atingirem 35% em julho de 2026. Também foram criadas algumas cotas de importação com isenção de impostos até o mesmo ano, justamente para garantir uma transição suave para o novo cenário.

Movimentos e tendências de mercado

A mudança na cobrança de impostos pode afetar não só o setor automotivo de múltiplas maneiras, mas também segmentos como eletrônicos, produtos manufaturados, bens de consumo e maquinário industrial. Basicamente, todos esses envolvidos podem presenciar dois cenários. 

Por um lado, há a possibilidade de que a oferta de opções de carros elétricos e híbridos para os consumidores realmente aconteça, não só garantindo que o país caminhe a passos maiores para a inovação, como também eleve as vendas dos produtos. Por outro (e o mais provável), isso pode gerar um crescimento nos preços e afastar os clientes, especialmente a curto prazo.

O aumento do frete marítimo, impulsionado por fatores como a escassez de contêineres e a alta da demanda, também influencia o cenário. Essa elevação sobe os custos de importação, o que pode ser repassado para o consumidor final e encarecer ainda mais os veículos.

Dentro desse aspecto, também é importante analisar as implicações específicas das rotas de comércio envolvidas. No caso da rota China-Brasil, por exemplo, o crescimento do frete se deve, principalmente, a ataques no Mar Vermelho, aumento de seguros e a alta procura por navios.

Para lidar com os desafios, os armadores estão adotando medidas como a elevação das tarifas, a otimização de rotas e portos, a negociação com clientes e investimentos em frota e infraestrutura. Portanto, são estratégias que basicamente visam manter a eficiência das operações logísticas para mitigar as consequências negativas dos altos custos de transporte.

Ações necessárias

Ainda estamos diante de um território nebuloso, mas é certo dizer que o sucesso da medida dependerá da capacidade do país de se preparar para essa transição. Investimentos em infraestrutura de recarga, incentivos à produção local e políticas públicas que facilitem a aquisição de veículos elétricos e híbridos são algumas das ações básicas esperadas para que o Brasil possa passar por essa adequação mantendo uma saúde econômica estável.

De todo modo, o mercado automotivo nacional, por bem ou por mal, precisará se tornar mais competitivo em relação a essas categorias, buscando uma adaptação por parte das montadoras, consumidores e do próprio governo para equilibrar os benefícios e desafios dessa retomada. Só assim dependeremos menos de tecnologia estrangeira para criar essas inovações tecnológicas no território brasileiro e gerar mais empregos.

Portanto, o futuro da mobilidade sustentável no Brasil será totalmente proporcional aos impactos desse retorno de cobranças. Devemos olhar atentamente as repercussões da medida nos próximos meses, certificando que estamos no caminho para produzir automóveis elétricos e híbridos que promovam não apenas a redução das emissões de poluentes, mas também o aquecimento da indústria nacional.