Corte de gastos

Haddad diz que 'mercado erra nas previsões' em fala sobre pacote

O ministro destacou que o governo deve manter o déficit público em até 0,25% do PIB ao final de 2024

Haddad em coletiva sobre pacote fiscal
Brasília (DF) 27/11/2024 O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva para explicar o pacote de corte gastos do governo Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o “mercado erra em previsões” na coletiva de imprensa sobre o pacote fiscal nesta quinta-feira (28). De acordo com ele, o governo está comprometido com o arcabouço fiscal e deve manter o déficit em até 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto) ao final de 2024.

“O mercado erra nas previsões. O mercado fez profecias não realizadas. O Focus previa um crescimento de 1,5% do PIB. Nós estamos com um crescimento de quase 3,5%. O mercado estimava um déficit de 0,8% do PIB, tirando o Rio Grande do Sul, estamos com um déficit de 0,25%. Vale lembrar que o Rio Grande do Sul foi um evento que não dá para orçar”, destacou o ministro.

Com isso, Haddad considera que o mercado precisa revisar suas previsões. “Nem em termos de crescimento, nem em termos de déficit, o mercado acertou. Ele errou no crescimento, e não foi pouco, ele errou feio. O mercado estimou um crescimento de 1,5% e não 3%”, afirmou.

BC pode elevar Selic em 1 ponto após pacote fiscal de Haddad

O mercado financeiro já considera no radar do BC (Banco Central) uma possível elevação da Selic (taxa básica de juros) em 1 ponto percentual na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), segundo o Termômetro do Copom, ferramenta do “Valor”.

O mercado aguardava o anúncio oficial do governo federal sobre o pacote de corte de gastos, que foi feito pelo ministro da FazendaFernando Haddad (PT) em pronunciamento em cadeia nacional na noite de quarta-feira (28), e através de uma coletiva de imprensa para explicar as medidas, nesta quinta-feira (28).

Se o nível do aperto monetário se confirmar, a Selic chegará ao patamar de 12,50% ao ano ainda em 2024. O Termômetro do Copom indica que as apostas nesse aumento subiram para 11,2% contra os 5,5% anteriores.

A próxima reunião para definir a taxa Selic está agendada para o dia 11 de dezembro. Já para a primeira reunião de 2025, prevista para 29 de janeiro, as projeções apontam que 20% dos agentes apostam em um aumento de 1 ponto percentual nos juros.

No entanto, ainda predomina a estimativa de 55% de probabilidade de um aumento de 0,75 ponto percentual, segundo o “Valor”.

Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, acredita que parte do mercado espera a Selic acima de 14% no próximo ano por conta da escolha do governo de sinalizar mais bondades à população do que medidas efetivas para conter o déficit fiscal. 

“O pronunciamento não trouxe a palavra corte e isso mais que justifica o sentimento que já vinha sendo colocado em perspectiva: o governo não tem compromisso com a responsabilidade fiscal, mesmo com o aumento de gastos públicos em mais de R$ 200 bi nos últimos dois anos e previsão de déficit em 2025”, comentou.