Entre 2012 e 2022, ocorreu uma redução na disparidade salarial entre homens e mulheres. No entanto, as mulheres continuam ganhando 21,1% menos que os homens. Esse panorama é destacado nas Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, um estudo abrangente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que examina várias facetas da vida das mulheres no país.
Em 2022, o rendimento médio mensal das mulheres era de R$ 2.303, enquanto o dos homens era de R$ 2.920. Isso significa que as mulheres recebiam aproximadamente 78,9% do salário dos homens.
“Por mais que se altere um pouco, a desigualdade é estrutural, se mantém na sociedade brasileira ao longo da série histórica. E isso não é uma prerrogativa do Brasil, é uma questão mundial, que perpassa todos os países independente do grau de desenvolvimento”, afirma Barbara Cobo Soares, uma das autoras do estudo e professora da Ence (Escola Nacional de Ciências Estatísticas), braço acadêmico do IBGE.
O estudo analisa 44 indicadores, distribuídos em cinco áreas distintas: empoderamento econômico, educação, saúde, participação na vida pública e tomada de decisões, e direitos humanos.
Além disso, os dados revelam que em certos grupos ocupacionais, como profissionais de ciências e intelectuais (63,3%), trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios (64,7%), e aqueles empregados nos setores de serviços e comércio (65,4%), a discrepância salarial é ainda mais acentuada.
IBGE: disparidade salarial com mulheres na chefia
Para abordar esse tema, Soares sugere que é essencial considerar a discussão sobre os papéis de gênero esperados e valorizados, pois isso influencia as escolhas educacionais de homens e mulheres.
Na análise por grupos ocupacionais, o IBGE também examinou a categoria de diretores e gerentes, onde estão os profissionais com os salários mais altos, revelando um desequilíbrio salarial maior do que a média. Mulheres recebiam 73,9% do salário dos homens nesse grupo.
Uma exceção notável entre os grupos analisados no estudo é o de integrantes das forças armadas, policiais e bombeiros militares, onde as mulheres ganham, em média, mais do que os homens, representando 109% do salário masculino. Os especialistas sugerem que isso pode estar relacionado ao fato de as mulheres estarem mais presentes em cargos de liderança e em carreiras especializadas, como medicina e arquitetura.