O Banco Central (BC) enfrentará uma semana desafiadora. O Comitê de Política Monetária (Copom) deverá, na próxima quarta-feira (4), deliberar o novo patamar dos juros básicos e a expectativa é de que este será o maior aumento da taxa Selic durante o período de 18 anos.
Confirmada a expectativa de economistas de bancos nacionais e estrangeiros, o Comitê elevará a taxa básica brasileira em 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano.
Vai ser necessário um jogo de cintura e habilidade para contornar prováveis ataques ao Copom, além de evitar eventual confronto com o Palácio do Planalto.
A determinação do BC de conter maior deterioração das expectativas de inflação não caminha na mesma direção que a disposição do governo, de gastar com programas assistenciais, como o aumento do valor do Bolsa Família que, combinado a uma dívida bilionária de precatórios, pode estourar o teto de gastos em 2022 e minar a já frágil confiança dos investidores na política econômica..
No período dos últimos 18 anos, a maior elevação da taxa Selic proposta pelo Copom foi no valor de 0,75 ponto percentual, a partir de três reuniões realizadas nos anos de 2008 a 2010, momentos em que as finanças internacionais se encontram instáveis por conta da crise subprime engrendrada nos Estados Unidos.
Nas estimativas do J.P.Morgan, o modelo econométrico do BC deverá apontar para inflação de 3,5% antes de 2022, um décimo acima da meta, considerando uma taxa Selic de 7% e dólar a R$ 5,15.
Segundo os economistas, há também a previsão de que o comitê revele a sua projeção de 2023 com o IPCA ligeiramente abaixo da meta de 3,25%, considerando que o modelo preditivo do BC assume Selic neutra de cerca de 6,5%.
Cassiana Fernandes e Vinicius Moreira que trabalham com a seguinte escala de ajustes na Selic: mais 1 ponto em setembro, seguido de 0,75 ponto em outubro e 0,50 ponto em dezembro, encerrando 2021 a 7,5%. Nesse patamar, a taxa básica estará quase 4 vezes acima de 2% em março, quando o BC iniciou o atual ciclo de alta.