Diogo Guillen, o diretor de Política Econômica do Banco Central, disse nesta segunda-feira (13) ter pouca dúvida de que a política de juros da autarquia está em patamar contracionista e trilha um caminho “bastante contracionista”.
Guillen afirmou, durante evento do Bradesco Asset, que ainda é cedo para a discussão sobre o eventual momento que o BC irá parar o ciclo de alta nos juros. Em sua avaliação, esse é um tópico delicado em que a confiança de estar colando a inflação na meta guia o BC.
O diretor da autarquia explicou que o dinamismo do consumo das famílias, impulsionado por gastos do governo, e o desempenho do crédito podem ser tratados como elementos mitigadores da política monetária, mesmo que a Selic (taxa básica de juros) esteja atualmente em 12,25% ao ano.
Guillen avaliou ser importante que os canais de transmissão da política monetária para os preços tenham fluidez para que a inflação seja levada à meta, de acordo com a “CNN”.
“Tenho pouca dúvida de que a gente está contracionista e está indo para bastante contracionista, quanto a isso tenho pouca dúvida”, destacou o diretor do BC.
Por fim, Guillen também disse não acreditar que tenha havido uma mudança radical na taxa neutra de juros no país — que não estimula nem retrai a atividade.E ressaltou que o BC tem os instrumentos para levar a inflação à meta.
Haddad diz que não concordará sempre com Galípolo sobre atuação do BC
Na avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sua relação de confiança e proximidade com o economista Gabriel Galípolo, novo presidente do BC (Banco Central) não trará qualquer interferência do governo federal na condução da política monetária pela autarquia. O ministro afirmou que “cada um está em seu papel” e que não irão “concordar sempre sobre diagnóstico e o que fazer”.
O ministro reiterou, durante entrevista no programa Estúdio i, da “GloboNews” nesta terça-feira (7), que seu papel é “resolver tecnicamente o problema” e que era isso que fazia com Roberto Campos Neto, antecessor de Galípolo, e o que fará com o novo comando.
“Isso não significa dizer que nós vamos concordar sempre sobre o diagnóstico e o que fazer, mas cada um está no seu papel”, completou o ministro da Fazenda.
“Eu posso chegar um dia para o Gabriel: será que vocês estão tomando a decisão correta? Mas a decisão [sobre a taxa básica de juros] é dele e do colegiado do Copom [Comitê de Política Monetária do BC]. Eu posso subsidiá-lo com informações, como ele consulta gente do mercado, ele consulta gente do governo, ele consulta gente do setor produtivo”, prosseguiu Haddad.
Uma das afirmações de Haddad é que o BC “não consulta só os bancos’, tem um “apanhado” de informações e dialoga com a sociedade, porém, quando se trata da decisão, há um colegiado de nove pessoas que se reúnem, fecham as portas e tomam uma decisão autônoma.
“Isso não vai mudar com o Gabriel, e eu tenho a absoluta confiança de que ele sabe qual a missão do Banco Central.”
Haddad reforçou o discurso já indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o governo não fará qualquer pressão sobre a autoridade monetária.
“Eu vi e ouvi as conversas que precederam o convite do presidente ao Galípolo e o presidente deixou absolutamente claro que, independentemente de lei, ele ia tratar o Banco Central com a mesma deferência, com o mesmo respeito com que ele tratou o [Henrique] Meirelles [presidente do BC nos dois primeiros mandatos de Lula]”, concluiu.