Como esperado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reduziu a taxa de juros básica do Brasil em 0,50 ponto percentual, levando a Selic a encerrar 2023 em 11,75%, em linha com a previsão da maioria dos analistas do mercado financeiro.
Sem a surpresa nos números, as atenções dos analistas ficaram voltadas para o comunicado emitido pela autoridade monetária. No entendimento de especialistas consultados pelo BP Money, o tom positivo e leve do informativo indica que o ciclo de cortes vai continuar em 2024.
“No meu ponto de vista, veio um comunicado bem brando, bem tranquilo. Não veio nenhum ponto para chamar atenção que traria preocupações quanto às expectativas da taxa de juros para as próximas reuniões”, avaliou o economista e sócio da Matriz Capital, Vinicius Moura.
Em resumo, no seu comunicado, o BC justificou a redução na taxa por conta do cenário externo menos adverso e no cenário interno, destacou a evolução do processo de desinflação.
A expectativa de Moura é de que a decisão do Copom tenha reflexos positivos na bolsa de valores brasileira nesta quinta (14).”Acredito que o Ibovespa deve ter um ritmo de alta amanhã porque basicamente não veio nada que traga algum comprometimento para o mercado local. E nesse cenário, se mantida essa questão da redução da taxa de juros no plural, as empresas mais alavancadas devem se beneficiar um pouco mais com uma redução das suas dívidas”, projeta.
Projeção para 2024
Apesar do otimismo do comunicado e do indicativo de manutenção no ciclo dos cortes, os analistas destacaram que o cenário para 2024 é de elevada cautela por parte da autoridade monetária.
O economista Chefe da APAS (Associação Paulista de Supermercados) e pesquisador da Unicamp, Felipe Queiroz, afirma que novas reduções da taxa Selic são fundamentais para que a economia brasileira não perca o dinamismo e que, diante do cenário mais restritivo no ano que vem, estimule tanto o consumo das famílias quanto os investimentos.
“A atual conjuntura geopolítica internacional, com guerras que envolvem, direta e indiretamente, importantes atores do cenário global, amplia as incertezas sobre a economia e a paz mundial. Dentro desse cenário, a APAS entende que o Banco Central deve seguir atento aos impactos das guerras no Oriente Médio e na região eurasiana sobre o comportamento dos preços tanto em cenário global quanto doméstico e da atividade doméstica”, analisa Queiroz.
“Um ponto que eu achei interessante é a questão da expectativa de menos crescimento para o próximo ano. Então, isso é visto por todos os players econômicos e foi algo comentado agora na reunião do Copom”, reforça Vinicius Moura.
Para ele, a redução de inflação nos outros países é importante para que o movimento de redução de taxa de juros no País aconteça de forma mais consistente.
“Aqui o mercado está muito propício para uma redução mais forte da taxa de juros. O que a gente precisa na realidade, no momento atual, é uma redução de inflação lá fora para que a gente consiga fazer uma redução de taxa de juros em ritmo mais forte no Brasil, pontuou.