Relatório da IFI

Dívida pública deve alcançar 80% do PIB em 2024 e seguir crescendo

Na avaliação do órgão do Senado, Selic mais alta, aumento de gastos e dificuldade em elevar a receita são desafios

Dívida pública
Foto: Pixabay

A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão do Senado, chamou atenção para a dificuldade do governo no que diz respeito aos gastos públicos em seu novo Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF). Segundo o órgão, a dívida pública deve chegar a valor equivalente a 80% do PIB (Produto Interno Bruto) este ano.

Ainda de acordo com o relatório, a dívida deve continuar crescendo no curto prazo. Para a Presidência da República, a dívida terminará 2024 em 76,6% e não chegará a 80%, segundo projeção feita até 2034. É o que consta nos anexos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 (PLN 3/2024), ainda em análise pelos parlamentares.

O indicador permite comparar se a soma do que o poder público deve é compatível com a produção do país como um todo e é uma forma de medir a saúde fiscal e orçamentária da nação. Desde 2014, a dívida bruta apresenta insistente crescimento.

Em julho, segundo o BC (Banco Central), o valor da dívida era de R$ 8,8 trilhões.

Na avaliação da IFI, o controle dos valores devidos depende de a União arrecadar mais do que gasta (superávit primário). Mas o governo enfrenta desafios, por exemplo, com o aumento da taxa básica de juros – elevada para 10,75% na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) – que encarece os financiamentos do governo.

O aumento nos gastos e as dificuldades em aumentar as receitas também causam dificuldades na gestão, segundo a IFI.

“O crescimento insustentável da dívida pode comprometer o espaço fiscal do país [possibilidade de ampliar gastos e investimentos], aumentando o risco de uma crise de confiança ou a necessidade de ajustes fiscais mais rigorosos”, diz o relatório.

Governo prevê mais medidas para reduzir gastos em 2025

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reforçou que a revisão de gastos é um “pilar fundamental” da agenda da equipe econômica do governo Lula 3

Ao detalhar as ações do governo, Durigan afirmou que estão previstas mais medidas para reduzir gastos em 2025. 

“O compromisso com a revisão de despesas é central para a trajetória seguir dando certo, com cumprimento do arcabouço fiscal. Vamos recompor o fiscal revendo gastos tributários e fazendo revisão de gastos”, disse durante coletiva de imprensa.

O governo planeja ações para economizar cerca de R$ 25,9 bilhões no orçamento de 2025, que será enviado ao Congresso até sexta-feira, de acordo com o “Valor”.

O secretário-executivo da Fazenda comentou, também, que o governo busca o equilíbrio fiscal “para que o país cresça com compromisso social e ambiental”. Segundo ele, esse caminho exigirá que, no âmbito do trabalho da equipe econômica de revisão de gastos, “outras medidas precisam e serão feitas”.

Caso o corte de R$ 25,9 bilhões em benefícios sociais, conforme detalhado em coletiva, não aconteça, essa despesa seria acrescida ao orçamento do próximo ano, segundo o secretário. “Trata-se de um corte de gastos”, respondeu.