A escassez de insumos é apontada como um dos fatores que explicam o recuo da indústria brasileira no segundo trimestre. Em relação aos três meses iniciais de 2021, o setor como um todo teve baixa de 0,2%.
O resultado faz parte do PIB (Produto Interno Bruto) do período, divulgado nesta quarta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O PIB teve variação negativa de 0,1%.
Dentro da indústria, a indústria de transformação foi o ramo com a principal retração, de 2,2%. Foi justamente nesse segmento em que houve o principal impacto negativo da escassez de matérias-primas.
“A indústria de transformação é influenciada pelos efeitos da falta de insumos nas cadeias produtivas, como é o caso da indústria automotiva, que lida com a falta de componentes eletrônicos. É uma atividade que não está conseguindo atender a demanda”, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Em razão da escassez de chips, montadoras chegaram a interromper linhas de produção no país. O setor automotivo espera que as paradas causadas por falta de insumos, em especial semicondutores, prossigam até o ano que vem, conforme estimativa feita em julho pela Anfavea, a associação das montadoras.
O cenário é resultado da desarticulação de cadeias produtivas globais ao longo da pandemia.
Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco, também destaca que a falta de componentes prejudicou a indústria no segundo trimestre. Conforme o economista, a normalização do quadro só deve ocorrer a partir do final deste ano ou de 2022.
“Precisamos monitorar a importação de chips”, aponta.
Outro fator que prejudicou a indústria como um todo no segundo trimestre foi a crise hídrica. A seca prolongada, conforme o IBGE, abalou o desempenho de eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos, que recuou 0,9%.
Com a escassez de chuva, o país teve de acionar usinas térmicas, que custam mais caro. O aumento nos custos de geração acaba se refletindo na conta de luz cobrada do consumidor e das empresas.
As outras duas atividades industriais ficaram no azul entre abril e junho. Houve alta de 5,3% nas indústrias extrativas e de 2,7% na construção.