Os EUA já estão sob o governo de Donald Trump há dois meses, mas a avaliação do Ministério da Fazenda ainda é de que os impactos das políticas do republicano sobre a economia norte-americano e a brasileira são “pouco claros”, disse Guilherme Mello, secretário de Política Econômica (SPE) da pasta. Ele reforçou que não vê um cenário de recessão para a economia norte-americana.
“Como estas políticas vão se concretizar e quais serão seus impactos ainda é pouco claro para nós. Temos que esperar para entender como vão se dar as negociações dos EUA com outros países, com China, Europa, parceiros próximos como México e Canadá. Ainda é necessário cautela”, disse o executivo da Fazenda em entrevista ao “CNN Money”.
Mello também defendeu que o Brasil segue bem posicionado para lidar com os efeitos das políticas de Trump, mesmo em meio às incertezas. O secretário mencionou as trocas robustas do Brasil com a China como um sustentáculo neste cenário. O país asiático é o maior parceiro comercial brasileiro.
Além disso, o secretário da Fazenda deu destaque também ao avanço do acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, concluído no ano passado. O negócio pode ser uma proteção a ambos os blocos, considerando políticas tarifárias mais rígidas por parte de Trump.
No entanto, o argumento de que o Brasil não deve ser alvo preferencial das tarifas da Casa Branca, devido ao déficit comercial com os EUA, foi levantado por Mello.
Atualmente, o Brasil enfrenta apenas tarifas abrangentes dos EUA para o aço e o alumínio, porém, o seu etanol está na mira do republicano, segundo o veículo.
“Não consigo enxergar hoje um cenário de recessão nos EUA, mas obviamente é algo que precisa ser acompanhado. Acredito mais em um momento de transição. Pode haver pressão inflacionária e redução do crescimento com as políticas adotadas, mas não vejo cenário de recessão”, disse.
Secretário da Fazenda: governo já vê desaceleração da economia
A economia brasileira está passando por uma desaceleração, conforme percepção do governo, disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, nesta segunda-feira (17).
O executivo também afirmou ser natural que 2025 tenha um crescimento um pouco inferior do que foi registrado nos dois anos anteriores.
Além disso, Durigan também indicou que a política monetária, com o BC (Banco Central) atualmente em um ciclo de alta nos juros, é um fator importante e desafiador para o crescimento econômico.
O secretário da Fazenda fez as declarações durante um evento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), em São Paulo.
“A gente já tem percebido uma desaceleração da economia, os dados do Caged do fim do ano, alguns dados de janeiro e de fevereiro têm apontado para isso. É natural que 2025 tenha um crescimento um pouco inferior ao que a gente viu nos dois anos anteriores”, disse.
Autoridades da equipe econômica do governo estão vendo uma desaceleração da atividade como fator importante para um arrefecimento da inflação, o que poderia levar o BC a afrouxar os juros básicos.
A necessidade de ter “mais calmaria” no câmbio e nas expectativas de mercado são os desafios para este ano, ressaltou Durigan.