A competição entre bancos e fintechs para capturar clientes no mercado ganhou novos capítulos nos últimos dias.
Associação representante das empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros digitais, a Zetta compartilhou em sua página no LinkedIn na última sexta-feira (17) estudo do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) sobre as taxas de juros cobradas pelos grandes bancos.
Segundo o Relatório Comparativo de Tarifas Bancárias do Idec, que analisa reajustes no sistema financeiro desde 2009, os bancos tradicionais brasileiros apresentaram reajustes abusivos de tarifas nos últimos meses, mesmo diante da crescente digitalização de serviços financeiros e das consequências econômicas da pandemia de Covid-19.
O relatório aponta que as tarifas apresentaram reajustes acima da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços Amplo ao Consumidor (IPCA). Já serviços como saques, depósitos e transferências tiveram aumentos entre 9% (Caixa Econômica Federal) e 25% (Bradesco), mesmo com a crescente tendência de digitalização desses serviços, aponta o estudo do Idec.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) parece ter sentido o golpe. Em post também em sua página no LinkedIn publicado neste domingo (19), a federação dos bancos aponta dados que indicam custos mais elevados que a média do mercado cobrados pelo Nubank, fintech fundadora da Zetta junto com a Mercado Pago.
“A Zetta não contou que o Nubank, que tem cara, porte, produtos e até nome de banco, prefere não se dizer banco, mas cobra juros mais altos dos seus clientes do que a média dos cinco ou 10 grandes bancos brasileiros”, diz o post da Febraban.
Dados do Banco Central (BC) mostram que a taxa de juros do cartão de crédito rotativo do Nubank era de 279,37% ao ano, no período de 30 de agosto a 3 de setembro, contra a média de 269,59% dos cinco grandes bancos.
Na publicação, a Febraban destaca ainda que as fintechs pagam menos impostos que os grandes bancos e não estão sujeitas às mesmas regras de mercado.
“A ‘verdade’ verdadeira é que as grandes fintechs gostam mesmo é de pagar apenas ‘meia entrada’ e em nada se diferenciam dos bancos. Aliás, só não são bancos para pagar menos impostos, gerar menos empregos, ter poucas obrigações regulatórias e trabalhistas”, ataca a Febraban.
“Não temos vergonha de sermos bancos, muito ao contrário, e também não nos escondemos atrás de letras, marketing e grifes”, afirmou Isaac Sidney, presidente da Febraban, no post.
Em comentário no post da Febraban, Diego Perez, presidente da ABFintechs, diz que divergências de ideias são esperadas, mas que o combate beligerante não leva a lugar algum.
“As fintechs contribuíram muito e continuam contribuindo para a retomada da economia e em todos os segmentos, não só no crédito, mas também na digitalização e transformação digital de pequenos e médios estabelecimentos comerciais que se viram forçados a adotar os pagamentos eletrônicos, muitas vezes por meio de fintechs, para continuar sobrevivendo com as portas fechadas”, escreveu Perez.
Ele aponta ainda que a associação brasileira das fintechs está aberta para discutir ideais para que os bancos possam ter a sua tributação reduzida ao patamar das fintechs, mas não o contrário. “Aumentar a tributação incidente sobre as atividades das fintechs não contribuirá para a redução do custo dos serviços bancários e de pagamentos na ponta (que no Brasil é bem caro, um dos mais caros do mundo)”, defendeu o presidente da ABFintechs.
No início de setembro, a Zetta já havia publicado o estudo “A transformação do Pix para os pagamentos brasileiros”.
“Não há duvidas de que o Pix caiu no gosto dos brasileiros. Em poucos meses após seu lançamento [em novembro de 2020], foram registrados 98,5 milhões de usuários e cadastradas 254 milhões de chaves, de acordo com o Banco Central. Em apenas cinco meses de operação, o Pix já havia superado a quantidade de boletos liquidados, TEDs, DOCs e cheques somados”, diz o estudo da Zetta.