SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a distribuição da participação do Itaú Unibanco na XP prevista aos acionistas do banco, a holding Itaúsa, que detém cerca de 38% das ações da instituição financeira, receberá cerca de 15% das ações da plataforma de investimentos.
Segundo Alfredo Setubal, presidente da Itaúsa, com o veto do BC (Banco Central) em relação aos planos iniciais do banco de assumir o controle da plataforma em 2033, a intenção é vender aos poucos no mercado a participação no negócio de Guilherme Benchimol.
“A XP é uma empresa que vem crescendo bastante, a gente acredita bastante nela, mas não faz parte do nosso plano estratégico de diversificação”, afirmou Setubal, durante evento virtual “Panorama Itaúsa” nesta terça-feira (28).
“A tendência é que ao longo dos próximos anos a gente venda as ações da XP, devagar, sem pressionar o mercado, aproveitando as oportunidades”, disse o executivo.
Ele acrescentou que os recursos obtidos com a venda poderão ser utilizados para fins como investir em outras empresas, recomprar ações da Itaúsa no mercado ou pagar dívidas.
“XP é um investimento que vamos administrar lentamente a saída, mas não faz parte do nosso processo de diversificação do portfólio.”
Setubal destacou que a diversificação que tem sido buscada na carteira de investimentos da Itaúsa não tem passado neste momento pelo setor de serviços financeiros. “Em serviços financeiros, a grande plataforma que a gente tem é o Itaú Unibanco”, disse o presidente da Itaúsa, que tem também na carteira de investimentos participação na Alpargatas, detentora da marca Havaianas.
O executivo apontou dois investimentos recentes da Itaúsa na área de utilidades públicas, nos setores de saneamento, por meio da Aegea, e de energia, via Copa Energia.
O marco regulatório do setor de saneamento, bem como as carências no setor de energia evidenciadas pelo risco da crise hídrica, foram lembradas pelo presidente da Itaúsa entre as razões que motivaram os investimentos.
Setubal destacou ainda que a Itaúsa tem hoje cerca de 900 mil acionistas diretos, responsável por quase ¼ do total de investidores na Bolsa brasileira, com uma média etária de 36 anos e 28% de mulheres.
“São pessoas que veem no mercado de capitais perspectivas de fazer uma poupança, guardar um dinheiro, ter uma perspectiva melhor”, afirmou.
O presidente da Itaúsa disse também que cada vez mais o filtro ESG é parte relevante da estratégia das companhias, em uma sociedade que exige cada vez mais que as empresas deem contrapartidas em aspectos ambientais, de educação e saúde, entre outros.
“Acho que o pior [em relação a pandemia] ficou para trás e vamos esperar de fato ir retomando a vida normal em todos os sentidos, em termos de trabalho, de atividades sociais. Vamos ver se em 2022 a gente retoma o convívio com todo mundo.”