O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que o arcabouço fiscal está determinado e não deve sofrer mais alterações nas metas de resultado primário.
“Quando eu, em março, revi as metas para 2025, 2026 e 2027, eu fiz uma conta do que eu perdi nas brigas com o Congresso e reestimei a coluna, tanto da dívida quanto do déficit. Se depender de mim, não muda mais nada, porque já foi estimado. Nós já sabemos o que nós temos”, afirmou Haddad durante participação na Expert 2024.
“Temos essa pendência ainda da compensação [dos benefícios fiscais com impostos a setores da economia], mas eu penso que está contratada a compensação, porque tem uma decisão de 11 a 0 no Supremo”, indicou o ministro
Haddad participou do painel “cenário Econômico no Brasil: desafios de gestão fiscal e perspectivas de crescimento”, junto com o CEO do Banco XP, José Berenguer.
Sobre a relação com o Congresso Nacional, Haddad disse que os Poderes precisam agir harmonicamente e reforçou as conquistas que o governo já teve ao dialogar com o Congresso e o Poder Judiciário.
“Explicamos para os ministros do STJ a situação fiscal [do Brasil] e a necessidade de adotar um critério mais consequencialista sobre as decisões de impacto econômico. De lá para cá, nós tiramos da LDO [Lei de Diretrizes fiscais], na matriz de risco fiscal de natureza judicial, R$ 1,4 trilhão de reais de risco judicial. Esse trabalho ninguém notou”, enfatizou Haddad.
Haddad vê cenário positivo para a Selic se a economia seguir se fortalecendo
Sobre o possível aumento da Selic (taxa básica de juros) ainda este ano, Haddad disse que quando os Bancos Centrais do Brasil e dos EUA começaram a mudar o discurso, o cenário se “desconcertou”.
Segundo ele, o Brasil viveu, de março para agosto, uma “turbulência ruim” que “assustou muita gente”. O ministro disse estar confiante de que “atrasou, mas os ventos ruim vão ficar fora”.
“Precisamos estar preparados para não interromper esse símbolo de crescimento que pode ser sustentável se nós não errarmos domesticamente. Temos que acertar domesticamente e estar bem posicionado para o vento bater certo na hora que ele soprar”, finalizou Haddad.
Haddad também afirmou estar feliz à frente do Ministério da Fazenda, e satisfeito pelos resultados que o governo tem entregado com os dados de emprego, inflação, índice de desconforto (soma da inflação com o desemprego), bem como as perspectivas das pessoas com a economia brasileira.