Especialistas do banco norte-americano JPMorgan apontaram que o governo brasileiro tem uma janela de oportunidade limitada para recuperar a confiança do mercado na sustentabilidade fiscal do país.
O pacote de contenção de gastos tão aguardado pelo mercado, que estava previsto para ser anunciado depois das eleições municipais, ainda não tem números definidos nem data de divulgação, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O relatório de análise do JPMorgan foi divulgado após a declaração.
O destaque feito pelo banco foi na necessidade de que o governo lançasse medidas estruturais mais amplas, que poderiam mitigar riscos fiscais e assegurar que o crescimento dos gastos obrigatórios permaneça dentro do limite, segundo o “InfoMoney”.
O mercado segue cético quanto ao caminho das contas públicas no médio e longo prazo, indicou o JPMorgan, mesmo com os sinais positivos emitidos pela equipe econômica desde 2023, bem como os cortes de gastos recentes que aumentaram a probabilidade de cumprimento da meta fiscal para este ano.
Na análise, a equipe destacou também que a credibilidade da meta pode ser alvo de desconfiança e a ancoragem das expectativas pode enfrentar mais dificuldades por conta das mudanças frequentes na métrica fiscal.
Entre os movimentos feitos pelo governo recentemente, o JPMorgan citou a revisão da meta para 2025 e a proposta de inclusão de recursos privados não reclamados como receita primária para este ano.
Isto reforça, segundo o banco, que as metas estabelecidas pelo governo e as expectativas dos investidores estão desalinhadas. Para os analistas, a estabilização do cenário depende da implementação de medidas efetivas e da comunicação clara sobre as intenções do governo.
JPMorgan: queda no lucro com provisões maiores para inadimplência
O JPMorgan Chase registrou um lucro de US$ 12,9 bilhões no terceiro trimestre de 2024 (3T24), levemente abaixo dos US$ 13,15 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado.
A receita líquida de juros, que reflete a diferença entre o que o banco arrecada com empréstimos e o que desembolsa em depósitos, aumentou 3%, atingindo US$ 23,5 bilhões.
A receita da divisão de banco de investimento do JPMorgan saltou 29%, alcançando US$ 2,4 bilhões, superando significativamente a previsão anterior de 15%, feita pelo banco no mês passado.
Por outro lado, a instituição reservou US$ 3,11 bilhões em provisões para perdas com crédito, mais que o dobro dos US$ 1,38 bilhão destinados no mesmo período do ano passado.
“Estamos monitorando de perto a situação geopolítica há algum tempo, e os eventos recentes mostram que as condições são traiçoeiras e estão piorando”, disse Dimon.