SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cenário para 2022 promete ser um ano desafiador para a economia brasileira, em meio a um ambiente de juros e inflação em patamares elevados, crescimento fraco e incertezas políticas por conta das eleições.
Apesar da tempestade perfeita que se desenha no horizonte, para o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., será possível manter um bom ritmo de crescimento dos negócios durante o ano que vem.
“Acredito que [a carteira] vai crescer dois dígitos no ano que vem. Pode não ser 16% [a previsão do Bradesco para 2021 é de um crescimento entre 14,5% e 16,5% da carteira de crédito, revista após os resultados do terceiro trimestre], mas vai ficar perto disso”, afirmou Lazari, durante teleconferência para comentar sobre os resultados do terceiro trimestre.
“Não faríamos revisão de guidance [projeção] se não tivéssemos convicção da capacidade de crescimento que podemos ter para o ano que vem”, disse o presidente do Bradesco.
Nos últimos dias, os presidentes do Santander Brasil e do Itaú Unibanco, Sérgio Rial e Milton Maluhy Filho, comentaram esperar por alguma acomodação no ritmo de crescimento das carteiras de crédito no próximo ano.
O presidente do Bradesco reconheceu que a visão dos economistas e do mercado tem mostrado um 2022 de bastante dificuldade, mas assinalou também que este não é o cenário com que trabalha para definir o orçamento para o negócio.
“Nosso banco não vai criar dificuldade para vender facilidades”, disse Lazari. “Temos capacidade de crescer no ano de 2022, tendo as dificuldades em perspectiva”, acrescentou.
O executivo apontou entre os fatores que contribuem para a visão positiva do banco a resiliência que o setor do agronegócio deve seguir demonstrando, bem como a expectativa por uma reabertura econômica plena e o nível comportado de endividamento das empresas.
As frentes digitais via iniciativas como os bancos next e Digio também foram citadas como estratégias que devem trazer números positivos para o balanço do banco nos próximos meses. “Em momentos de mais dificuldade, o Bradesco sempre cresceu”, afirmou Lazari.
O presidente do Bradesco disse ainda que chegou a se surpreender com o fato de o nível de inadimplência ter se mantido em níveis historicamente baixos nos últimos resultados trimestrais.
“Temos provisão mais do que suficiente para encarar um eventual crescimento da inadimplência”, afirmou Lazari. Ele acredita que o índice de atrasos pode ter algum aumento para o ano que vem, mas que seguirá abaixo da média histórica.